Cúpula do partido, insatisfeita com Dilma, discute projetos eleitorais e aposta que ciclo de poder do PT está perto do fim
Júnia Gama
BRASÍLIA . A cúpula do PMDB tem manifestado nos bastidores cada vez mais desconforto na relação direta com a presidente Dilma Rousseff. As queixas sobre o tratamento que o partido, aliado de maior peso no Congresso e que tem o vice-presidente Michel Temer, recebe do Palácio do Planalto já não são expressas apenas reservadamente, como até pouco tempo atrás. E o aumento da tensão nessa relação está motivando dirigentes do PMDB a dizer publicamente não só que o partido está insatisfeito, mas que trabalha uma alternativa para o futuro em 2014.
- Se for possível a reedição da aliança, (tudo) bem, se não for, o PMDB vai buscar outro caminho. Se isso ocorrer, há uma tendência de aliança com outros partidos. Vamos sair dessas eleições municipais mais fortalecidos, temos candidatos em mais de três mil municípios. Um partido desse tamanho não pode deixar de ter um candidato próprio ou na vice para as eleições presidenciais - afirmou ao GLOBO o presidente da legenda, senador Valdir Raupp (PMDB-RO).
O senador confirma que existe um "problema de relacionamento" com o governo federal, já que o partido não costuma ser ouvido pela presidente nas decisões estratégicas.
- A liberação de emendas e a questão dos cargos são coisas muito secundárias, se dependesse de mim nem teríamos cargos no governo, porque é uma coisa que só traz desgaste. Há um problema de relacionamento na formulação das políticas, o PMDB gostaria de ser um pouco mais ouvido nessa questão das políticas públicas, da economia, da infraestrutura e da execução dos programas do governo - disse Raupp.
Nas reuniões reservadas dos partidos, os peemedebistas tratam de projetos eleitorais futuros de forma mais aberta e até ofensiva. Nessas conversas, avaliam que o PT já está no final de seu ciclo de poder, que, no máximo, terá mais um mandato no Palácio do Planalto.
Um deputado do partido que se relaciona bem com os petistas acredita que o PT já deve estar preparando um plano de retirada a partir das próximas eleições presidenciais:
- Nada dura para sempre. Já são dez anos de poder, e o natural é que os ciclos se esgotem a cada período.
FONTE: O GLOBO
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