Eleições municipais revelam que, até aqui, PSB e PSD ganham relevo diante do
embate revigorado PSDB x PT; DEM segue em declínio
Boa parte das análises eleitorais gravita em torno de PSDB e PT, que
polarizam o debate nacional desde 1994. O balanço preliminar do primeiro turno,
porém, põe em destaque o desempenho de três outros partidos: PSB, PSD e DEM.
Capitaneado pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, o PSB é um claro
vencedor. Embora tenha obtido só o sexto maior número de prefeituras, foi,
entre as legendas de médio e grande porte, a que mais cresceu sobre 2008.
A quantidade de prefeitos eleitos pelo PSB aumentou 42% (para mais de 430),
e seu total de votos subiu 51% (foram cerca de 8,6 milhões). Além disso, o PSB
levou já no primeiro turno Recife e Belo Horizonte. São vitórias
significativas, pelos confrontos com o ex-presidente Lula e a presidente Dilma
Rousseff -ambos derrotados.
Situação adversa enfrenta o DEM. Em 2000, a sigla, ainda como PFL, elegera
mais de mil prefeitos e perdia, nesse quesito, só para o PMDB. Neste ano, o DEM
não ganhou nem 300 cidades (44% a menos do que em 2008) e está em nono lugar no
ranking de prefeituras.
O segundo turno de Salvador, contra o PT, parece decisivo para a sobrevida
do DEM. O partido, que sofrera em 2011 com a criação do PSD, figura como o
maior perdedor da eleição municipal.
Já o PSD estreou com vitórias em quase 500 cidades. Como quarta maior
agremiação nesse item, o partido inventado por Gilberto Kassab se credencia,
com PSB e PMDB -que, com mais de mil prefeitos, se mantém o partido com mais
capilaridade-, como ator relevante para o cenário eleitoral de 2014.
As três legendas se alinham com o governo Dilma. E os resultados municipais,
até aqui, se mostram benignos para o PT, em que pese o fardo do mensalão:
apesar das derrotas em Belo Horizonte e Recife, o PT aumentou, como faz desde
1985, o número de municípios sob seu domínio (são mais de 620) e tornou-se,
pela primeira vez, o partido mais votado para prefeituras.
O PSDB, por sua vez, encolheu em relação a 2008, mas ainda é o partido com o
segundo maior número de prefeitos.
Esse balanço ainda mudará após o segundo turno. Sobretudo a eleição em São
Paulo, por seu peso econômico e demográfico, servirá para distanciar o PT de
seu arquirrival -ou para reequilibrar o jogo.
Uma tendência que se acentua, ademais, deveria ocupar a atenção dos
concorrentes: somados votos brancos e nulos com abstenções, 28,9% do eleitorado
paulistano não escolheu candidato algum. Quem for capaz de reverter essa
aparente apatia -fruto talvez da própria normalidade democrática, ou da
vacuidade da polarização PSDB x PT- estará mais perto da vitória.
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