Espero que não, mas a previsão do segundo turno em São Paulo é de uma
verdadeira carnificina política, o PSDB atacando com o mensalão, e o PT, com o
mensalão mineiro e a CPI do Cachoeira.
Ninguém ganha com isso, nem mesmo o futuro prefeito, mas quem mais perde são
a política e os políticos, que já andam mal das pernas -basta ver a alta
indefinição dos eleitores até a última hora e os números recordes de votos
brancos e nulos.
O eleitor, cada vez mais desconfiado, quer saber quem está mais preparado e
mais bem assessorado e o que vai acontecer com a saúde, a educação, os bilhetes
de metrô e de ônibus -e a segurança. Mas os partidos insistem em partir para o
desgaste ético, moral, dos adversários.
José Dirceu, que deve ser condenado nesta semana pelo STF, estará no centro
da cena mais uma vez. O PT tentará amenizar o impacto martelando que a origem
do esquema está no PSDB de Minas e anunciando -bem no meio do segundo turno- o
relatório final da CPI do Cachoeira, que pega de jeito o governador tucano de
Goiás, Marconi Perillo.
O PT discute como fazer desse limão uma limonada eleitoral: quem é de
partido (ligado a Lula) insiste em manter a CPI acesa para queimar o PSDB; quem
é governo (alinhado com Dilma) prefere acabar logo com isso, para evitar que a
Delta se aproxime demais do Planalto.
José Serra e Fernando Haddad fecharam o primeiro turno pau a pau, e o
petista sai na frente com um verdadeiro arrastão do PMDB e do PRB, puxado por
Dilma. Já o tucano joga o anzol para os mirrados PPS e PTB.
Mais do que as cúpulas, porém, Serra e Haddad terão de conquistar os
eleitores de Chalita, de Russomanno e de Soninha, além de convencer os
descrentes. Tudo sem perder os seus eleitores do primeiro turno.
Se a rejeição do tucano é alta, a do PT não é pequena. Não é com carnificina
política que um e outro irão se recuperar e cicatrizar as feridas.
Fonte: Folha de S. Paulo
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