Ministros do Supremo
indicaram que rubrica e depoimentos incriminam ex-presidente do PT por
corrupção ativa
BRASÍLIA - Uma
assinatura. Esta é a principal prova que levará a maioria dos ministros do
Supremo Tribunal Federal a condenar o ex-presidente do PT José Genoino por
corrupção ativa na sessão da tarde de hoje. O fato de ele ter assinado um dos
empréstimos fraudulentos que abasteceram o esquema é crucial para enquadrá-lo
no crime, na opinião dos magistrados. Considerado quase como um preposto de
José Dirceu na cúpula petista, Genoino será condenado por corrupção ativa por
ter comprado o apoio político de PP e PTB.
Quadro histórico do
PT, Genoino ascendeu à presidência do partido depois que José Dirceu foi ser o
"capitão do time" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Palácio
do Planalto. Ex-guerrilheiro no Araguaia, construiu sua carreira política como
deputado federal tendo obtido seis mandatos. Teve especial destaque na oposição
ao governo Fernando Henrique Cardoso. Quando Lula conseguiu chegar ao Planalto,
em 2002, Genoino, derrotado na eleição para o governo de São Paulo, foi
acomodado na presidência do PT e ganhou a missão de auxiliar Dirceu na montagem
da base de sustentação.
Agora, ele será
condenado porque o Supremo concluiu que o PT angariou apoio no Congresso com a
distribuição de dinheiro aos aliados. Diferente do caso de Dirceu, que alega
não haver nenhuma prova material, a situação de Genoino se complicou pelo aval
dado a um empréstimo de R$ 3 milhões no Banco Rural. Ele sustenta que só
assinou por uma questão formal e de confiança, uma vez que o artificie do
financiamento era o ex-tesoureiro Delúbio Soares.
Depoimentos. Para os
ministros do STF, porém, a rubrica é uma prova irrefutável que o então
presidente petista tinha conhecimento da prática criminosa de ampliação da base
parlamentar do governo. O ex-presidente do PT é acusado de comprar
"somente" dois partidos, PP e PTB, tendo se livrado no processo
quanto ao PMDB e PL (atual PR).
A acusação contra
Genoino, além da assinatura, se baseia fundamentalmente em dois depoimentos. Um
deles é do ex-deputado Vadão Gomes (PP) que disse ter participado de uma
reunião em que Genoino discutiu apoio financeiro a seu partido em troca de apoio.
O testemunho mais
contundente contra o ex-presidente petista é de um outro réu já condenado.
Emerson Palmieri, ex-secretário do PTB e braço direito de Roberto Jefferson,
afirmou que Genoino discutiu com Jefferson em algumas reuniões o repasse de
recursos entre os partidos. Segundo o ex-secretário, o petista tinha o hábito
de telefonar a Dirceu para obter o aval para a negociação.
Para o
procurador-geral da República, Roberto Gurgel, Genoino era um representante de
Dirceu na formação da base aliada mediante o pagamento de propina. "Além
de conversar com os líderes partidários, convidando-os a apoiar os projetos de
interesse do governo, procedia ao ajuste da vantagem financeira que seria paga
caso aceitassem a proposta", disse Gurgel.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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