Número de prefeitos
eleitos pela legenda mais que triplicou em 12 anos
Bom desempenho aumenta
assédio de petistas e tucanos sobre o partido do governador Eduardo Campos (PE)
O crescimento do PSB
nas eleições municipais tomou o partido, até então considerado satélite do PT
no cenário nacional, um dos mais cortejados por governistas e oposição, já em
busca de alianças para 2014. Para Aécio Neves (PSDB-MG), que se aliou aos
socialistas em Belo Horizonte para derrotar o PT, há grande identidade e
parceria com o PSB. O presidente da legenda, Eduardo Campos, elogiou o governo
FH, mas disse que o rompimento com os petistas ocorreu apenas em âmbito local e
que não é hora de tratar de 2014.
PSB, a
noiva da vez
Antigo satélite do PT, partido cresce, planeja voo próprio e vira alvo da
cobiça do PSDB
André de Souza, Evandro Éboli
BRASÍLIA Entre os partidos médios e grandes, o PSB foi a legenda que obteve
maior crescimento na disputa pelas prefeituras nas eleições de domingo,
tornando-se, a partir de agora, um dos mais cortejados e cobiçados por forças
políticas governistas e de oposição. Partido considerado satélite do PT no
cenário nacional, o PSB ganhou espaço na última década, registrando, no
período, um aumento no número de prefeituras. Elegeu 133 prefeitos em 2000 e,
agora, mais do que triplicou, chegando a 433. Em 2008, foram 310 prefeitos, uma
variação de quase 40% em quatro anos.
O PT também teve performance positiva: saltou de 554 para 625 prefeitos
eleitos, num aumento de 13%. PSB e PT foram os únicos, no universo de grandes e
médios partidos, que cresceram entre 2008 e 2012. O PMDB continua absoluto com
o maior número de prefeitos, 1.018, mas diminuiu 15% nos últimos quatro anos e
amarga derrotas seguidas desde a década passada.
O PSDB, o segundo em número de administrações municipais, com 693
vitoriosos, também vem caindo nessa tabela. Há quatro anos elegeu 789
prefeitos. O grande derrotado foi o DEM, em queda livre nas últimas eleições. O
partido ganhou 492 cidades há quatro anos e, a partir de janeiro de 2013,
comandará só 276 municípios, uma variação negativa de 44%. O maior favorecido
com o definhamento do DEM é o novo PSD, que elegeu 493 prefeitos em suas
primeiras eleições, ficando com o quarto maior número de municípios.
Peça-chave na sucessão presidencial de 2014, o PSB tanto pode continuar ao
lado do PT e apoiar a reeleição de Dilma Rousseff quanto se aliar aos tucanos e
compor com o senador Aécio Neves, o provável candidato do PSDB. Mas, nesse
ritmo de crescimento, o PSB vislumbra chegar em 2018 com reais chances de
conquistar a Presidência da República. Seja como opção a um possível
esgotamento do PT ou com um aliado petista, mas cabeça de chapa.
DEM envelhece, PMDB se reinventa
O cientista político Leonardo Barreto, da Universidade de Brasília (UnB),
reconhece a força do PSB, mas não acredita ser vantajoso trocar os petistas
pelos tucanos:
- O sonho do Aécio Neves é exatamente ter o PSB como companheiro de chapa,
de preferência tendo Eduardo Campos como seu vice. O problema dessa situação é
o fato de que o PSB não lucra nada com isso. Enfim, ele sairia de uma posição
de partido satélite do PT, que tem popularidade, que tem recursos, para ser um
partido satélite do PSDB, que tem dificuldades. Estrategicamente, eu não vejo
vantagem para o PSB fazer esse tipo de escolha. Pode ser que, daqui a dois
anos, a situação esteja diferente - ponderou Barreto.
Ricardo Caldas, também da UnB, enaltece o desempenho do PSB e enxerga um
futuro promissor para a legenda, em especial para seu principal líder, Eduardo
Campos:
- O PSB ganhou em Belo Horizonte e em Recife. Cacifou o governador de
Pernambuco para ser candidato a presidente ou a vice.
- O PT tem por objetivo manter o PSB dentro de sua órbita. E, se ele
identificar que Eduardo Campos é realmente um adversário a ser neutralizado,
talvez uma opção de fazer isso é tê-lo na vice-presidência em 2014. Seria
interessante identificar o tipo de disputa que haveria entre PMDB e PSB para
ocupar essa vaga. Talvez esse seja o maior problema que o PSB pode trazer ao
PMDB no horizonte de dois anos - completou Leonardo Barreto.
Os números do TSE mostram ainda que PMDB, PP, PTB e PR, juntos, perderam 500
prefeitos em relação a 2008. Mas o PMDB ainda é considerado forte.
- O PMDB continua o maior partido do Brasil. Eu diria que Eduardo Paes deu
cara nova ao PMDB no Rio e, se esse modelo for adotado, o PMDB pode se
rejuvenescer. Enquanto o DEM envelhece, o PMDB está encontrando formas de se
reinventar - afirma Caldas.
Fonte: O Globo
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