Terá, por exemplo, o apoio formal do PMDB. Terá uma declaração de voto de
Russomanno? Se tiver, qual o poder real de transferência?
Levando em conta consideração a velocidade com que o candidato
"derreteu" nos últimos dias nota-se a inconsistência da liderança. Em
alguns setores pode significar até um apoio contraproducente. Para os dois
candidatos finalistas.
Quanto ao peso da presença da dupla Lula e Dilma, há dois aspectos. De um
lado, a inequívoca simpatia da classe média paulistana, aquele eleitorado que
rejeita Lula, em relação à presidente.
De outro, é de se ver se esse dado positivo não será neutralizado pela
repercussão das condenações no Supremo Tribunal Federal e pelo antipetismo
fortemente plantando em São Paulo.
São vantagens que o PSDB espera agregar ao peso das máquinas do Estado e da
Prefeitura.
Já o PT pretende jogar com a expectativa de um monumental despejo de
recursos federais na cidade.
Algo semelhante ao que ocorreu no Rio e resultou na reeleição de Eduardo
Paes com 65% dos votos no primeiro turno.
Um forte argumento. Mas, dá margem ao oponente indagar da presidente da
República se ela deixará de atender à cidade caso o eleitor não ceda aos seus
apelos eleitorais.
O balanço de vantagens e desvantagens relativas repete-se em Salvador,
embora em dimensão simbólica mais reduzida.
O petista Nelson Pelegrino tem Lula, tem Dilma, tem o governo Jaques Wagner.
Mas no primeiro turno o petista teve tudo isso, mais o apoio de 15 partidos,
600 candidatos a vereadores e 15 minutos de tempo de televisão.
Sem nada disso e com cinco minutos no horário eleitoral, o neto de Antônio
Carlos Magalhães fez campanha na liderança e sobreviveu.
São Paulo resolveu não arriscar e foi no tradicional, levando ao segundo
turno PT e PSDB praticamente empatados.
Resultado que demonstra como a pressa não é boa conselheira: nem Lula pode
ser subestimado nem o peso da polarização entre essas forças de governo e
oposição deve ser posto na conta do passado.
O eleitor estava cansado da dicotomia? É verdade, conforme se extrai dos
porcentuais de abstenção, votos brancos e nulos: somados, os números mostram
que algo em torno de 30% do eleitorado paulistano não quis se manifestar.
Procurou, virou, mexeu, não encontrou e preferiu evitar aventuras. Até
porque Celso Russomanno era o tipo da peripécia sem muito mistério, de risco
óbvio.
No segundo turno fica tudo zero e zero, reza o dogma. Na metodologia é
realmente outra eleição. Tempo igual de televisão, atenção concentrada em dois
oponentes, a escolha pautada por um forte componente de exclusão, luta direta,
no mano a mano.
Ocorre que os personagens são os mesmos, sendo raros os casos de virada do
primeiro para o segundo turnos quando há distância razoável entre os dois
finalistas.
Por causa da pequena diferença e pela influência de alguns outros fatores,
em São Paulo e Salvador governo e oposição vão medir forças sem que nenhum dos
lados entre em campo em situação nítida de vantagem ou desvantagem.
Serão batalhas em atmosfera de arena de leões. No caso de São Paulo
especialmente, onde PT e PSDB precisam desesperadamente da vitória.
Os petistas para mostrarem que não sucumbiram ao mensalão e os tucanos para
não sucumbirem ao prejuízo que uma derrota acarretaria à oposição no plano
nacional.
Nesse embate nada é absoluto, tudo é relativo.
O PT tem a favor dele a rejeição a José Serra, embora ela não o tenha
impedido de chegar na frente.
Fernando Haddad pode ser favorecido pelo clima de "todos contra
Serra". Em termos de apoios partidários os ativos do PT são bem mais
preciosos.
Resta conferir, nas duas cidades, se Lula e Dilma ainda dispõem de margem
para ampliar a votação de seus correligionários ou se o que tinham para
conseguir já foi incorporado ao capital conquistado no primeiro turno.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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