Antes refratária a entrar na política, ministra diz que vai guardar convite
do PPS para 2014
Felipe Recondo
Com o ativo político de ter sido a xerife do Judiciário nos últimos dois
anos, a ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Eliana Calmon, pode, em
2014, dedicar-se à vida política e disputar eleições pela Bahia. Ontem, em café
na manhã na Câmara dos Deputados, Eliana foi sondada pelo PPS e deixou a porta
aberta.
Ao longo de seu mandato no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), quando falou
da existência de "bandidos de toga" e abriu uma crise com entidades
de classe da magistratura, Eliana Calmon negava a possibilidade de se filiar a
um partido político e disputar eleições. Ontem, porém, a ministra admitiu a
possibilidade.
O líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PPS-PR), perguntou a data da
aposentadoria da ministra e afirmou que o partido lhe ofereceria a legenda
para, se quiser, disputar as eleições já em 2014. Ela afirmou que avaliará a
oferta assim que se aposentar.
Eliana Calmon completa 70 anos em novembro de 2014. E não acredita que o
Congresso, até lá, aprovará a chamada PEC da Bengala, que aumentaria para 75
anos a idade limite para a aposentaria compulsória no serviço público. Para
eventualmente se candidatar ainda em 2014, ela teria de antecipar sua
aposentadoria.
A ministra recebeu o convite para uma conversa com o PPS e aproveitou a
reunião para defender a inclusão de uma emenda no Orçamento do próximo ano que
destinasse recursos para a Escola Nacional de Formação e Aperfeiçoamento de
Magistrados (Enfam), que ela dirige.
Eliana ainda alertou que o Congresso deve redobrar a cautela na votação das próximas
indicações de integrantes do Conselho Nacional de Justiça. Em junho, quando
ainda estava na corregedoria, a ministra afirmou que, por não conseguirem
reduzir os poderes do CNJ, entidades corporativas e "elites", nas
palavras dela, começariam a trabalhar pela indicação de conselheiros que
pudessem inviabilizar os trabalhos do órgão.
"Antes, os órgãos de controle existiam para não funcionar. A
interferência política é muito forte, mas esta realidade está mudando aos
poucos. Aquelas elitizinhas que dominavam ainda não desistiram. Elas atacam
sutilmente, como cupins, para implodir o CNJ. Por isso, precisamos ser
vigilantes", disse ela, em uma palestra no Seminário Nacional de Probidade
Administrativa.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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