1.
Em qualquer lugar do mundo o emprego precário não é considerado emprego, mas se
soma à taxa de desemprego. Menos no Brasil. Pelo menos o IBGE poderia divulgar
duas taxas: a de desemprego por sua metodologia (pessoas que procuram emprego)
e a de desemprego total, agregando o emprego precário, como se faz na Europa.
2. O IBGE divulgou a taxa de desemprego no Brasil em outubro (agregando as
Regiões Metropolitanas que pesquisa). A População Economicamente Ativa alcançou
24 milhões e 679 mil pessoas. Os Desocupados somaram 1 milhão e 314 mil
pessoas, ou uma Taxa de Desemprego de 5,3%. Um número quase de desemprego
friccional ou quase de pleno emprego. Ilusão de quem só acredita nos números
divulgados pelo governo.
3. Mas a própria tabela apresentada pelo IBGE dá as informações sobre o Emprego
Precário. As "marginalmente ligadas a PEA" e as “desalentadas”
somaram 663 mil pessoas. As “subocupadas por insuficiência de horas
trabalhadas” alcançaram 454 mil pessoas em outubro. E as que tiveram “renda por
hora menor que o salário mínimo por hora” foram 3 milhões e 201 mil pessoas.
Emprego Precário é a soma dessas, ou 4 milhões e 318 mil pessoas.
4. A proporção de Emprego Precário sobre a População Economicamente Ativa (PEA)
são 17,8%. E, dessa forma, a Taxa de Desemprego Total são 5,3% + 17,8%, ou
22,1%. Isso mesmo: mais de um quinto da PEA. Um número espanhol, um número
grego.
5. O IBGE oferece mais dados que permitem analisar essa situação. Em outubro de
2011, a PEA foi de 24 milhões e 66 mil pessoas. Em outubro de 2012 foram 24
milhões e 679 mil pessoas. Um crescimento da PEA de 2,54%.
6. Destacando apenas as pessoas com renda por hora menor que salário mínimo por
hora, eram 2 milhões e 937 mil pessoas e, agora, 3 milhões e 201 mil pessoas.
Um crescimento de 9%. Vale dizer, mesmo esquecendo o estoque anterior de
emprego precário e apenas focalizando o último ano, se vê que a taxa de
desemprego divulgada só se manteve em função do emprego precário encontrado
pelos desesperados que são, efetivamente, desempregados.
7. Vamos racionar com números absolutos. A PEA cresceu, em um ano, 613 mil
pessoas. Mas aqueles que ganham menos que o salário mínimo aumentaram 264 mil
pessoas, ou 43% do aumento da PEA.
Fonte: Ex-Blog do Cesar Maia
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