Há tempos os governos fazem do Congresso gato e sapato, mas, agora, há uma
diferença. Quando se lê que os "líderes governistas" maquinam isso ou
aquilo, a referência não é, necessariamente, aos líderes do governo Dilma, e
sim aos amigos do ex-presidente Lula.
O fato é que esses líderes faziam e continuam fazendo tudo o que seu mestre
Lula mandar. Daí o enorme poder de Rosemary Noronha, a Rose, que manteve imenso
poder por causa de Lula, não por delegação de Dilma.
Com a mesma dedicação com que deram um jeito de empurrar Paulo Vieira goela
abaixo da ANA (a agência de águas), mesmo depois de rejeitado duas vezes, esses
líderes atuam agora para impedir que o tal Paulo Vieira dê explicações ao
Congresso Nacional e à sociedade brasileira.
Alguém -adivinhe quem?- não vê nenhuma graça em que Vieira possa falar sobre
os poderes extraterrenos de Rose, os tentáculos dele próprio em águas turvas
federais e o aparelhamento das agências reguladoras (nem elas escapam). Além da
ANA, sabe-se até aqui que o esquema infiltrou-se na Anac (aviação civil) e na
Antaq (transportes aquaviários). Pode ter mais...
É também com a mesma imensa dedicação, aliás, que os líderes e os jovens
parlamentares governistas mergulharam fundo na CPI do Cachoeira, não para
investigar e desvendar, mas para cumprir as ordens do seu mestre e fustigar
opositores e adversários, chegando ao cúmulo de perseguirem até o
procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
Mas, se os governistas se adequam ao papel de gatos, é mais incompreensível
como os oposicionistas se conformam em serem sapatos.
Afora o onipresente líder tucano no Senado, Álvaro Dias, quem é que se opõe
às nomeações impostas por Rose, às manobras para impedir o depoimento de Paulo
Vieira, à lambança da CPI? Dizem que há até presidenciáveis no Senado. Se há,
não estão visíveis a olho nu. Ou não sabem fazer oposição, ou têm medo.
Fonte: Folha de S. Paulo
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