Senador será eleito presidente do partido, mas ainda há tensão com Serra
Maria Lima
BRASÍLIA - O primeiro passo para consolidar a candidatura do senador mineiro Aécio Neves à Presidência da República deverá acontecer no próximo sábado, na Convenção Nacional do PSDB que deverá elegê-lo presidente nacional do partido em substituição ao deputado Sérgio Guerra (PE). Mas sua eleição não significa que sairá com o partido pacificado e unido em torno de sua candidatura. O ponto de tensão, e a grande incógnita como sempre, continua sendo a participação ou não do ex-ministro José Serra. Com a ajuda do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, Aécio concluirá nesta semana as negociações com líderes e dirigentes regionais para fechar a composição da nova Executiva Nacional do PSDB. O desafio é chegar a um consenso com os paulistas e apresentar, na convenção nacional, um sinal de unidade em torno de sua candidatura.
As conversas devem priorizar a acomodação de Serra na direção do partido. Apesar dos desmentidos de que esteja pleiteando cargos para dividir o comando com Aécio, seus interlocutores esperam que no último momento ele apresente alguma reivindicação. Garantem que ele quer ser bem representado, de preferência indicando o novo secretário geral, o segundo cargo da hierarquia partidária.
Novo secretário geral também causa divisão entre tucanos
Senador é o preferido de Serra, mas deputados querem nome da Câmara
O nome do líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (SP), tem sido citado como o preferido de José Serra para a secretaria geral do PSDB, hoje ocupada pelo deputado Rodrigo de Castro (MG), fiel escudeiro de Aécio Neves. Mas não há consenso sobre a questão.
O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), diz que se o presidente do partido é um senador, a tradição é a bancada da Câmara indicar o secretário geral. O nome mais forte na bancada é o do ex-líder Bruno Araújo (PE), que tem relações estreitas com Aécio, mas bom trânsito com Serra.
- Talvez o Serra ainda não tenha conseguido explicitar direito o papel que gostaria de cumprir nesta nova fase do PSDB. A incógnita é tão somente saber qual o papel que ele quer para si, pois tenho certeza que será prontamente atendido - disse Sampaio. - O fato de já ter ido na convenção de São Paulo é um ponto positivo e afastou essas especulações de que vai sair do partido. E acho que não vai fazer nenhuma surpresa na convenção nacional, se Deus quiser!
Aloysio Nunes espera que Aécio converse com Serra sobre a composição da Executiva:
- Ele (Serra) é uma pessoa importante no partido e tem coisas úteis a dizer.
Mesmo com tantas incógnitas, Aécio está confiante que o caso Serra será superado na convenção e o partido sairá pacificado para se dedicar à outra agenda: percorrer o país para formar palanques. O senador diz que a estratégia é ter candidatos do PSDB onde houver nomes fortes, apoiar candidatos fortes do DEM e se aliar a candidatos de partidos governistas, mas de oposição ao PT, como a senadora Ana Amélia (PP) no Rio Grande do Sul, e o deputado Esperidião Amin (PP) em Santa Catarina.
- O PSDB é um ótimo aliado: tem bancada e tempo de TV, o artigo mais cobiçado desta eleição - afirma Aécio.
Fonte: O Globo
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