Fraco desempenho do comércio e queda na produção industrial encolheram a economia brasileira em 1,4% no mês de maio, revelam cálculos do BC
Gabriela Valente
BRASÍLIA - Com o fraco desempenho do comércio e a queda na produção industrial, a economia brasileira encolheu 1,4% em maio, segundo os cálculos do Banco Central. É o maior recuo do Índice de Atividade Econômica do Banco Central – Brasil (IBC-Br) já visto desde dezembro de 2008, quando o mundo estava mergulhado no momento mais grave da crise financeira mundial. O recuo em maio é pior do que os analistas esperavam. As contas feitas pela autoridade monetária e divulgadas nesta sexta-feira já descontam todos os efeitos sazonais de um mês para o outro.
Nos últimos 12 meses, o chamado “PIB do BC” mostra que o Brasil acumula um crescimento de 1,89%. Mesmo com o resultado adverso em maio, o número aumentou em relação ao dado do período até abril, quando a expansão da atividade econômica crescia a uma taxa de 1,63%, conta revisada pela autarquia.
A expectativa do governo é crescer algo em torno de 3% neste ano. No entanto, o Banco Central espera uma taxa de 2,7%. Está mais próxima às estimativas feitas pelos analistas do mercado financeiro, que apostam em crescimento de 2,34%.
Em abril, o crescimento de 0,84% - que surpreendeu os analistas positivamente – foi recalculado e chegou a 0,96%. No entanto, os economistas já avisavam que o mês deveria encerrar um período melhor da atividade econômica. De lá até agora, as previsões pioraram. A perspectiva é que as manifestações em junho deverão ter impacto no crescimento do país porque vários comércios foram fechados nos protestos.
Resultado pior que o esperado
Analistas consultados pela Reuters esperavam queda mensal de 0,90% em maio, de acordo com a mediana de 17 projeções. As estimativas variaram de quedas de 1,60% a 0,30%. Para balizar a condução da política de juros no Brasil, o Comitê de Política Monetária (Copom) criou o indicador que não é tão complexo quanto o Produto Interno Bruto calculado pelo IBGE. Por isso, não pode ser considerado uma prévia, mas apenas uma indicação do dado do instituto que é muito mais sofisticado. Por isso, foi apelidado de “PIB do BC”.
O número leva em consideração o desempenho da agropecuária, a indústria de transformação, extrativa, da construção civil e produção e distribuição de eletricidade, gás e água, esgoto e limpeza urbana. Quando começou a ser divulgado, o índice dava resultados muito próximos ao dado oficial. Desde o ano passado, houve um descolamento encarado com naturalidade dentro do Banco Central pelas diferenças metodológicas.
Para 2013, o governo trabalha com a hipótese do crescimento da economia brasileira ficar abaixo de 3%. A projeção da equipe econômica é considerada otimista demais pelos economistas do mercado financeiro. Segundo a pesquisa que o Banco Central faz com os analistas das principais instituições financeiras do país, a previsão para a expansão da economia brasileira despenca há um mês. Os sucessivos rebaixamentos da expectativa são reflexo de expectativas piores: mais juros e inflação alta.
(Com Agências Internacionais)
Fonte: O Globo
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