Jovens demonstraram desconfiança de atos organizados por centrais
Bernardo Moura e Nívia Carvalho
Este ato não vai ser como aquele que passou. Nas redes sociais, esta foi a percepção dominante no Dia Nacional de Lutas. Usuários que, em junho, engajaram-se nos protestos que se espalharam pelo país agora reservam boas doses de crítica, desconfiança e ironia para as passeatas que reúnem centrais sindicais, partidos de esquerda e movimentos sociais.
Militantes, políticos, sindicalistas e ONGs fizeram o contraponto postando elogios e apoio às manifestações de ontem, apesar de disputas internas estarem ao alcance de um tweet.
A presença de bandeiras de partidos, balões infláveis, bonés, uniformes e carros de som nos protestos foram motivos de desconfiança, como escreveu o estudante paraibano Fernando Eucli-des no Facebook: "Eu, sair de casa para o protesto em João Pessoa, onde tem mais bandeiras de partido do que pessoas? Jamais! Para você ter uma ideia, os protestos são, quase diretamente, contra os partidos, e eles levantam bandeiras lá no meio. Moral da história: o Brasil é o único país em que os partidos políticos vão às ruas contra eles mesmos"."
No Twitter, a CUT, ligada ao PT, chegou à lista de assuntos mais comentados à tarde, entre elogios de simpatizantes e críticas quanto a uma falta de legitimidade da manifestação.
Tarcisio Moura estranhou o fato de a greve "não querer atacar a presidente, que é a causa da crise"," enquanto Guilherme Macalossi acusava CUT e Força Sindical de defenderem "o encampamento estatal dos protestos"."
A central comandada por Paulinho da Força chegou a ganhar um apelido nada elogioso na rede: "A Farsa Sindical precisou se ausentar porque tinha que bater cartão" tuitou o ativista e escritor Pedro Sanches.
Políticos também se manifestaram nas redes. O ex-ministro José Dirceu, no Twitter, disse ser fato político relevante a "presença da classe trabalhadora nas ruas" Luciana Genro (PSOL) acusou centrais de "surfar na onda do levante de junho" mesmo apoiando o govemo.
Fonte: O Globo
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