Dia Nacional de Lutas, convocado por centrais sindicais, teve protestos, bloqueios de estradas e cidade vazia.
Estrada interrompida - Em pelo menos 19 pontos do RS (na foto, a BR-290), sindicalistas, sem-terra, agricultores e caminhoneiros fecharam rodovias.
Capital descaracterizada - Numa quinta-feira de julho, sem circulação de ônibus e com interrupção da maioria dos serviços, cidade com cara de feriado.
Marchas, gritos e ruas vazias
Não fossem o rufar de tambores e o grito dos manifestantes em pontos cruciais das cidades, a quinta-feira pareceria início de feriadão no Rio Grande do Sul. Mas não. Era Dia Nacional de Lutas. E, como é costumeiro em manifestações trabalhistas, teve piquete em frente a empresas, passeatas, bloqueios de vias e muita confusão para quem tentava se locomover. Mesmo cercado de tensão, o dia terminou sem incidentes graves no Estado.
Porto Alegre ficou praticamente isolada ainda antes do amanhecer, quando a Travessia Getúlio Vargas (ponte sobre o Guaíba) foi interrompida por manifestantes, às 5h. O bloqueio do vão móvel causou dois quilômetros de congestionamento em cada sentido da via, sob muita neblina. Num efeito cascata, a Avenida Castelo Branco e a Estação Rodoviária ficaram sem tráfego.
A rodoviária permaneceu vazia ao longo do dia, por dois motivos: porque as vias estavam bloqueadas e também porque as empresas, temerosas por atos de vandalismo, mantiveram os ônibus nas garagens. Em consequência, apenas um punhado de táxis se arriscou a rodar nas imediações e eram poucos a circular.
Não apenas as linhas interestaduais pararam. Os ônibus urbanos de Porto Alegre, Viamão, Cachoeirinha, Gravataí, Alvorada e outras cidades deixaram de circular pela manhã, com frotas recolhidas por pressão dos servidores das empresas. Rodoviários da Vicasa e Sogal chegaram a preparar churrasco em frente à garagem dos coletivos.
As lotações circularam com 50% da frota, e o trensurb também parou, às 7h30min. Motivo: vandalismo. Ataques desferidos contra composições do trem próximas às estações Mathias Velho, em Canoas, e São Leopoldo provocaram a paralisação do serviço entre Porto Alegre e Novo Hamburgo. Pelo menos um usuário ficou ferido. Após negociação, os servidores do trensurb aceitaram retomar o trabalho por algumas horas no final da tarde. Foram 10 horas de interrupção.
A Capital também teve problemas de circulação, já que diversas vias foram bloqueadas por ativistas. Foi o caso da Farrapos, próximo ao aeroporto, pela manhã. E das avenidas Loureiro da Silva, Erico Verissimo, João Pessoa e Borges, congestionadas por passeatas à tarde, que culminaram em grandes manifestações no Centro. O resultado é que a grande massa trabalhadora não conseguiu se deslocar na Região Metropolitana, e os corredores de ônibus foram usados por famílias para passear e até para conversar em rodas de chimarrão.
Houve protesto de todo tipo. Cerca de 300 manifestantes ligados ao MST bloquearam o acesso ao prédio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na esquina das ruas Quintino Bocaiúva e Coronel Bordini. No miolo central da cidade, em frente ao Palácio Piratini, 20 partidos e entidades sindicais, como PSTU, PSOL e Sindicaixa realizaram manifestação. Com apoio de um carro de som e bandeiras e faixas em punho, pediram mais recursos para a saúde e a educação, além de criticarem os governos Tarso e Dilma. Em frente à sede da RBS, outros ativistas pediram democratização dos meios de comunicação. Na Câmara de Vereadores, manifestantes mantiveram a ocupação que ocorre desde a noite de quarta-feira.
As passeatas convergiram todas para o Largo Glênio Peres, onde uma grande manifestação foi organizada no meio da tarde. Entre 1,5 mil e 2 mil pessoas se concentraram nas imediações da prefeitura, sem relatos de incidentes, como os registrados em protestos anteriores. Sindicalistas se revezaram ao microfone de um caminhão de som, exigindo jornada de trabalho de 40 horas semanais sem redução de salário e expressando apoio aos jovens que ocuparam a Câmara de Vereadores na quarta-feira.
A movimentação foi tranquila, com grupos fazendo lanche sentados no chão, entre vendedores de churrasquinho, cachorro-quente e bebidas. Uma banda animou o público até pouco depois das 17h.
Fonte: Zero Hora (RS)
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