Por Andrea Jubé
BRASÍLIA - Na estratégia de ampliar as viagens pelo país - duas por semana, em média -, a presidente Dilma Rousseff vai priorizar o Sudeste, com foco em Minas Gerais, segundo maior colégio eleitoral, com 15 milhões de votos. Dilma aterrissa hoje em Itajubá, sul de Minas. Em dois meses, é a quinta visita ao berço eleitoral do senador Aécio Neves, potencial adversário na sucessão presidencial.
Esse número mostra que Dilma foi mais vezes a Minas neste semestre que no último ano. A ofensiva se evidencia se confrontada com o vácuo das agendas presidenciais no Estado. Em 18 meses - de janeiro do ano passado a agosto - Dilma desembarcou em Minas em quatro ocasiões. Agora, em dois meses - de agosto até hoje - ela terá visitado o Estado cinco vezes.
Hoje Dilma inaugura a fábrica da Balteau S/A, de transformadores de energia, que anunciou investimentos de R$ 50 milhões. Nos últimos dois meses, ela visitou Varginha, Uberlândia, São João Del Rey, e a capital, Belo Horizonte.
Há pelo menos dois objetivos nessa ofensiva. O primeiro é neutralizar a hegemonia da oposição no Sudeste, região que concentra quase metade do eleitorado nacional. O PT se sente resguardado no Rio com um pré-candidato petista competitivo, o senador Lindbergh Farias. Mas vai precisar de mais musculatura para encerrar, no ano que vem, 12 anos dos tucanos em Minas e 20 em São Paulo.
Nos bastidores, até mesmo aliados de Dilma reconhecem que, dificilmente, ela conseguirá derrotar Aécio em seu berço eleitoral, caso ele seja confirmado como o candidato tucano à Presidência. "O eleitorado de Minas é bairrista, vota em mineiro", diz fonte governista.
Nesse contexto, a ofensiva petista busca, pelo menos, reduzir a eventual margem da derrota, e, simultaneamente, turbinar o palanque petista no Estado. O pré-candidato do PT ao governo, o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, lidera as pesquisas, com cerca de 35% das intenções de votos. Por ora, Pimentel navega em céu de brigadeiro, já que Aécio ainda não definiu seu candidato à sucessão de Antônio Anastasia.
O presidente do PSDB em Minas e pré-candidato ao governo, deputado Marcus Pestana, diz que a oposição vê com "tranquilidade" a ofensiva dilmista, porque a posição de Aécio no Estado é "sólida". Ele ainda fustiga a tentativa da presidente de impor uma "identidade mineira". Segundo ele, em uma agenda na capital mineira, ela se dirigiu ao "prefeito de Porto Alegre". Cita, também, que na campanha, Dilma confundiu Governador Valadares e Juiz de Fora, duas cidades mineiras.
Pestana afirma que o PSDB se prepara para abrir uma margem de até três milhões de votos sobre Dilma no Estado, com Aécio na cédula. O PT não tem histórico de derrotas no Estado. Em 2006, Lula (com um vice mineiro, José Alencar) venceu Geraldo Alckmin com 65% dos votos, e uma margem de 3,2 milhões de votos. E no último pleito, Dilma venceu José Serra, com vantagem menor, de 1,8 milhão - levou 58% dos votos.
Embora Aécio reine soberano em Minas, o PSDB prepara uma contraofensiva local. Em novembro, uma agenda com apelo histórico vai unir Minas e São Paulo. Aécio e o governador Geraldo Alckmin se encontram em Poços de Caldas para lembrar a assinatura do documento inaugural do movimento "Diretas Já", subscrito por Tancredo Neves e Franco Montoro. Há outras agendas programadas para Uberlândia e Montes Claros.
Fonte: Valor Econômico
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