• Candidata nega que vá propor a criação de conselhos populares para controlar atividade de políticos
Thiago Herdy – O Globo
SÃO PAULO — A candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, disse neste domingo, em São Paulo, que a versão final de seu programa de governo, que será será lançado na sexta-feira, terá medidas para “aprofundar a democracia” e “valorizar as instituições”, em vez de diminuir o tamanho delas, ponto sempre citado por críticos aos modelos de participação popular.
— Existem meios de conectar representantes e representados. Esse é o esforço que estamos fazendo. Respeitando sobretudo o desejo que a sociedade tem de melhorar a qualidade da políticas e das instituições públicas — declarou a candidata, durante visita ao Centro de Tradições Nordestinas (CTN), na Zona Norte de São Paulo.
Perguntada, Marina negou que seu programa cite a implantação de conselhos sociais para controlar a atividade de políticos. Segundo o jornal “O Estado de S.Paulo”, versão preliminar do programa previa os conselhos e a ampliação de canais de consulta popular, como plebiscitos e referendos.
— O documento a que tiveram acesso não é o documento que eu e Eduardo (Campos) revisamos. Então, eu não posso falar de coisa que não é o documento oficial da campanha — disse a candidata.
Segundo integrantes da equipe de Marina, o controle da atividade pública estará no programa no contexto de valorização de mecanismos de transparência pública — como ouvidorias e divulgação de informações de interesse público —, e não na criação de estruturas paralelas de governo e controle.
Durante a visita, Marina seguiu o roteiro de outro candidato, Aécio Neves (PSDB), repetindo por diversas vezes que o Bolsa Família seria “mantido e aperfeiçoado” em um eventual governo. Marina também repetiu seu compromisso com o que chamou de elementos da “base da economia brasileira”: a autonomia do Banco Central, o controle da inflação e a responsabilidade fiscal com o orçamento público.
A candidata também disse que o controle inflacionário deve ser feito com medidas que vão além da política monetária. Para Marina, a “eficiência do gasto público”, a diminuição da estrutura governamental e o ataque “ao dreno da corrupção” são formas de atacar o aumento nos preços.
— O controle da inflação não se dá apenas pela elevação de juros — disse Marina, para quem é preciso fazer com que “os recursos públicos possam ser investidos naquilo que faz o país crescer, a gerar oportunidade de trabalho” e a garantir a continuidade da estabilidade econômica.
Ela reforçou ainda que é “perfeitamente possível não deixar ultrapassar o teto da meta (de inflação, de 6,5% ao ano) mantendo as prioridades sociais”.
— O problema é que muitos dos recursos estão sendo alocados para prioridades que não são compatíveis com a manutenção das duas coisas: ter meta de inflação garantida e assegurar as prioridades estratégicas de melhoria da qualidade de vida das pessoas — disse Marina, sem detalhar medidas práticas que adotaria em seu governo.
Irregularidades no uso do avião
Ao ser perguntada sobre suspeitas de irregularidade na utilização da aeronave que se acidentou no início do mês e causou a morte do então candidato do PSB à Presidência, Eduardo Campos, Marina preferiu não responder. O novo vice da chapa, Beto Albuquerque, estava ao seu lado e anunciou novamente que o partido prestará esclarecimentos no início da próxima semana sobre o caso.
— Continuamos querendo explicações sobre as razões do acidente, como este avião caiu, porque essa caixa preta não tinha nada gravado. Quanto aos assuntos pertinentes, quero dizer que o partido prestará informações a todos vocês sobre as condições daquele contrato — afirmou.
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