“Estamos em uma época em que é preciso fazer uma releitura da pessoa. Não se trata da volta ao individualismo, quem está ligado a uma rede está opinando, é parte daquilo, mas tem sua individualidade. Nada a ver com ser do partido e seguir a orientação geral.
Sonho, talvez, mas uma possibilidade que se divisa como nunca antes. Acrescentar ao interesse de pessoa, ao de uma classe, de Nação, o que diz respeito a uma comunidade mais ampla, à Humanidade.
Acho que é preciso prestar atenção à representação, a despeito de todas as dificuldades, é preciso tentar dar vida aos partidos. E fazer com que os partidos tomem partido. Como eles partem de uma posição de apenas querer votos, não tomam partido, e ao não tomar partido as pessoas não acreditam no que dizem.
Os partidos passaram a ser um agregado de pessoas que querem um pedacinho do orçamento. O sistema é corrompido. Isso é a deterioração da democracia representativa. A cultura política brasileira precisa ser alterada, sem essa mudança nada acontecerá. E essa mudança cultural se dá pela exemplaridade, pela repetição, pelo embate, e nós ainda não temos uma cultura democrática.”
Fernando Henrique Cardoso, sociólogo e ex-presidente da República, em palestra no ciclo "Novos olhares" – Perspectivas políticas do século XXI: crise e reinvenção da democracia –, na Academia Brasileira de Letras, Rio de Janeiro, 19 de agosto de 2014.
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