• Tucano reage e diz que biografia de Gilberto Carvalho carrega denúncias que levaram à morte de Celso Daniel
Catarina Alencastro e Maria Lima – O Globo
BRASÍLIA e SALVADOR - De saída do Planalto, ainda sem pasta definida no próximo governo, o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho (PT), provocou ontem um embate com a oposição ao dizer ontem que "morria de medo do playboyzinho ganhar a eleição", referindo-se ao senador e presidente do PSDB, Aécio Neves, derrotado na disputa presidencial, Aécio e líderes da oposição reagiram duramente, lembrando as denúncias de envolvimento de Carvalho com esquema de corrupção na prefeitura petista de Santo André, que levou ao assassinato do ex-prefeito Celso Daniel.
Em um evento que possivelmente será seu último como ministro, com representantes de cooperativas, Carvalho afirmou que se o rival de Dilma tivesse vencido seria o fim do projeto petista, que, segundo ele, devolve à maioria da população seus direitos, sob a forma de benefícios como o Bolsa Família e o ProUni (programa do governo que concede a jovens carentes bolsas de estudo em universidades particulares). Lula, muito próximo a Carvalho, foi primeiro a chamar Aécio de "playboy" e "filhinho de papai" , durante a campanha.
- O momento de hoje é de felicidade, a gente celebra essa junção fecunda entre a sociedade e o governo que tem essa orientação. E é isso, gente, que esteve em disputa agora nas eleições. Eu morria de medo do playboyzinho ganhar a eleição porque eu tinha clareza que ia acabar essa energia que está aqui nesta sala. Isso não tinha condição de continuar - discursou Gilberto.
A expressão usada pelo ministro deixou a oposição em pé de guerra.
- Os termos em que o ministro se referiu a um senador da República e presidente de um partido só confirma sua baixa estatura política. Mesmo depois de 12 anos como ministro, a principal marca da biografia do senhor Gilberto Carvalho será sempre seu envolvimento com as graves denúncias de corrupção em Santo André, que culminaram com o assassinato do prefeito Celso Daniel, ainda não esclarecido - reagiu Aécio.
Em resposta a Carvalho, Aécio disse que o ministro tinha razões para ter medo de sua vitória:
- O ministro Gilberto Carvalho tem mesmo razões para ter medo. Temia que seu eu fosse eleito, eu iria acabar com a corrupção, colocar ordem no país e acabar com as boquinhas do seu partido, em especial a dele próprio.
No evento de assinatura de convênios do governo com cooperativas de agricultores orgânicos e extrativistas sustentáveis. Carvalho também disse que o governo Dilma, diferentemente dos seus rivais, põe o dedo na ferida quando o assunto é o combate à corrupção.
- O que está em jogo agora não é esse negócio de corrupção que sempre teve no país e que nós estamos tendo a coragem de combater. Tudo isso que eles estão denunciando agora é o medo que eles têm de perder a hegemonia do Estado brasileiro. O resto é propaganda, o resto é maledicência. Porque nunca eles tiveram coragem de pôr o dedo na ferida como nós estamos pondo agora, cortando na própria carne como se verifica na questão da corrupção.
Mais irritado, o líder do PSDB e vice de Aécio na eleição deste ano, senador Aloysio Nunes (SP), chamou Carvalho de "cafajeste".
- Trata-se de um cafajeste! Eu não sei de que ele tinha medo se Aécio ganhasse. Mas ele sabe onde o rabo dele está preso. Especula-se muito sobre isso - reagiu Aloysio Nunes.
Assim como Aécio, outros parlamentares mencionaram o suposto envolvimento do ministro no esquema de corrupção em Santo André.
- É melhor ser chamado de playboyzinho do que de homem do carro preto que fazia a coleta da propina em Santo André - disse o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO).
Aécio também foi alvo de ataques do governador da Bahia, Jaques Wagner, que classificou de "ridículo" o fato de o senador tucano ter convocado manifestação contra o PT em São Paulo, no último domingo, e não ter comparecido. Wagner disse que a oposição não absorveu a derrota nas urnas.
- Na minha opinião, ficou até ridículo para o Aécio, que convoca (a manifestação) e nem vai. Mostra bem o quanto ele é comprometido com suas bandeiras. Em vez de estarem falando tão mal da gente, se credenciariam melhor perante a sociedade se estivessem preparando um projeto administrativo e político que fosse realmente superior ao nosso. Ficar nos xingando não vai botar ninguém no poder - disse Wagner em Salvador. (Colaborou Biaggio Talento)
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