Por Cristiane Agostine - Valor Econômico
SÃO PAULO - O PSDB voltou a cobrar ontem do presidente Michel Temer o compromisso com a aprovação rápida de medidas de ajuste fiscal e sinalizou mais uma vez que poderá desembarcar da base aliada. Reunidos ontem em São Paulo, o presidente nacional do partido, senador Aécio Neves (MG), e o governador do Estado, Geraldo Alckmin, criticaram o adiamento para depois das eleições do envio da proposta de reforma da Previdência ao Congresso. Aécio se disse surpreso com a nova data e afirmou não ter sido consultado. Já Alckmin disse que não se chega à "terra prometida" com "torcida e voluntarismo". Os dois tucanos são pré-candidatos à Presidência.
Depois do encontro de cerca de uma hora, no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, Aécio e Alckmin defenderam que o debate da reforma da Previdência seja feito antes da eleição municipal. O presidente nacional do PSDB disse que o governo precisa sinalizar "de forma mais objetiva" o que pretende fazer neste ano. "É preciso que os sinais sejam muito claros. A PEC do teto, os gastos públicos, a reforma da Previdência essa é uma agenda que não é mais uma opção de governo, é uma necessidade. O governo tem que avançar nessa direção", afirmou o senador.
Depois de falar da divergência do PSDB com o adiamento da reforma da Previdência, Aécio afirmou que a parceria com o governo Temer pode se desfazer. "O PSDB é parceiro desse projeto enquanto acreditar nele", disse o tucano, afirmando em seguida que sem a agenda de ajuste fiscal o governo "não chegará a um bom final".
"Tem que tirar o olho do retrovisor e ver o que é possível fazer ainda este ano. O presidente tem que dar esses sinais cada vez mais claros. Se não vai mandar hoje, vai mandar quando?", afirmou.
O governador de São Paulo também reclamou do adiamento da reforma previdenciária "É fazer o mais rápido possível o que tem que ser feito", disse. "Nós não chegaremos à terra prometida com torcida e voluntarismo. Só vai chegar com medidas concretas, rápidas e convicção nessas medidas. Elas são essenciais para recuperar esse quadro econômico", afirmou.
Alckmin disse ainda que Temer precisa agir "rapidamente na questão fiscal, monetária e cambial". "Quanto mais demorar vai perdendo a confiança e ao mesmo tempo o quadro vai se agravando", afirmou sobre o cenário econômico do país.
Aécio reuniu-se ontem também com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo, para discutir os rumos da aliança do PSDB com Temer.
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