terça-feira, 4 de outubro de 2016

Antipetismo leva PSDB e DEM a apoiarem PSB no Recife

• Partidos derrotados divulgam nota conjunta: ‘Brasileiro disse não ao PT ‘

“O resultado das eleições confirma que o eleitor disse não ao PT e à má gestão, corrupção institucionalizada e mentiras” PSDB e DEM no Recife Nota conjunta

Catarina Alencastro - O Globo

-RECIFE- Um dia depois do primeiro turno da eleição para a prefeitura do Recife, que inicia uma segunda etapa entre o candidato à reeleição Geraldo Julio (PSB), que recebeu 49,34% dos votos válidos, e João Paulo (PT), com 23,76%, o PSDB e o DEM, cujos candidatos foram derrotados, anunciaram apoio ao socialista. O sentimento antipetista foi o que uniu as duas legendas em torno da candidatura do afilhado político de Eduardo Campos — ele morreu num acidente de avião quando estava em campanha presidencial, em 2014.

“O resultado das eleições em todo o país confirma que o eleitor brasileiro disse não ao PT e ao seu legado de má gestão, corrupção institucionalizada e mentiras. Em respeito ao eleitor, o PSDB e o Democratas tornam pública a posição contrária à candidatura do PT no Recife e consequente apoio à candidatura do PSB”, informaram o PSDB e o DEM locais, numa nota conjunta.

Apesar da posição oficial de suas legendas, os candidatos que ficaram em segundo e em terceiro lugar, respectivamente o tucano Daniel Coelho, com 18,59%, e Priscila Krause (DEM), com 5,43%, declararam que não farão campanha, nem tampouco ocuparão cargos numa eventual segunda administração de Geraldo Julio. A decisão de não querer associar seus nomes nem ao socialista, nem ao petista, tem em vista o pleito de 2018, quando pretendem apresentar um projeto político comum.

Os dois criticaram ao longo do primeiro turno a atual gestão, bem como o petista, que já foi prefeito de Recife por oito anos. Juntos, Coelho e Priscila somam 209.755 votos, 24,02% do eleitorado da capital pernambucana. O percentual é maior do que o obtido pelo candidato do PT. Tanto o DEM, quanto o PSDB tinham cargos no governo do Estado, também comandado por um socialista, Paulo Câmara, mas os entregaram tão logo decidiram por candidaturas próprias.

— Criticamos muito a atual gestão municipal: é um governo ineficiente. A gente tem parte importante do eleitorado, que quer uma alternativa. Temos que fortalecer esse grupo e decidimos caminhar unidos para 2018 — disse Coelho ao GLOBO.

Em seus programas eleitorais, Coelho se referia a Geraldo Julio e João Paulo como representantes da “política mofada”. O tucano e a concorrente do DEM eram os candidatos mais jovens da disputa — ele tem 37 anos e ela, 38.

— Reitero todas as críticas à atual gestão. E não vou subir no palanque (de Geraldo). Mas considero que a posição dos partidos está correta. O país inteiro deu um recado contra o PT. Não tinha como o DEM e o PSDB ficarem neutros — ressaltou Priscila.

No domingo, após o anúncio do resultado, Geraldo Julio evitou responder se procuraria os derrotados. Disse apenas que estaria de “braços abertos para todos aqueles que acreditam no projeto”. Já João Paulo disse que sondaria junto a aliados a possibilidade de obter algum tipo de apoio dos concorrentes.

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