• Um dia após após vitória retumbante de João Doria, pupilo do governador paulista, presidente do PSDB afirmou que não se deve temer consulta às bases
Evandro Éboli - O Globo
-BELO HORIZONTE- O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, convocou ontem uma entrevista coletiva para festejar o bom desempenho de seu partido nas urnas, mas abordou também o fortalecimento do governador de São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin, que conseguiu eleger, ainda no primeiro turno, seu indicado João Doria à prefeitura da capital paulista — pela primeira vez, em 24 anos, um candidato venceu direto no primeira turno. Alckmin ganhou força na disputa para ser o presidenciável da legenda em 2018, posto almejado também por Aécio, que afirmou existir a possibilidade de um racha no partido. O senador mineiro enfatizou a importância da realização de prévias caso haja mais de um pré-candidato no partido, mas disse ser ainda cedo para discutir o tema.
Apesar de o debate sobre a realização de prévias emergir com frequência na legenda, o PSDB nunca fez consultas às bases para escolher o candidato à Presidência da República.
— É um belo caminho (as prévias), desde que bem organizada. É um processo que revitaliza um partido que não tem grandes e profundas discussões internas. E permite conhecimento maior das candidaturas — comentou Aécio, para acrescentar: — Nosso estatuto prevê as prévias, que é a oportunidade de um debate democrático.
O tucano, que defendeu prévias na pré-campanha de 2010, quando o partido acabou escolhendo José Serra como candidato, disse haver convergência entre os três nomes apontados como principais pré-candidatos:
— Eu, o Geraldo (Alckmin) e o (ministro José) Serra estimulamos esse debate. A prévia pode ser um bom caminho, mas não nesse momento. Não é correto nem justo com nossas lideranças de todo o país anteciparmos 2018. Estamos aqui comemorando 2016 — disse Aécio, na sede estadual do partido em Belo Horizonte.
“PSDB SAI FORTALECIDO; PT, DIZIMADO”
O senador falou também sobre o risco de racha no PSDB com a realização da prévia, como ocorreu em São Paulo, na escolha de Doria. A dura campanha interna, repleta de acusações de compra de votos e cooptação, acabou levando à saída de Andrea Matarazzo, que tornou-se vice na chapa da peemedebista Marta Suplicy.
Aécio, que disse ter conversado ontem com João Doria, admitiu que o risco de uma divisão profunda existe:
— É verdade (o risco de uma divisão no partido). Mas não devemos temer isso. Temos que aprimorar esse processo. As prévias pressupõem não haver convergência. Em 2014 se falou muito das prévias. Só não ocorreu porque houve convergência em torno do meu nome. Isso pode haver em torno de qualquer um dos nomes do PSDB. E, se não houver, como é que se faz? Consultam-se as bases.
Aécio qualificou o resultado eleitoral dos tucanos país afora como “a mais consagradora vitória” que o partido teve desde 2004, primeiro pleito após o fim do governo Fernando Henrique Cardoso. Os tucanos cresceram de 686 para 791 prefeituras, um aumento de 15%, e disputa segundo turno em 19 municípios, oito deles, capitais.
O tucano ressaltou também a queda do número de prefeituras comandadas pelo PT — partido com o qual o PSDB rivaliza a disputa nacional desde 1994 — que caiu de 630 para 256, redução de cerca de 60%.
— Não há nada mais impopular do que um desemprego de 12 milhões de brasileiros. Do que 60 milhões de brasileiros endividados. Cerca de 10 milhões de famílias retornando às classes D e E. Este é o legado do PT. Esta foi a perversidade que o PT em busca do seu projeto de poder fez com o país e hoje está recebendo a resposta da população brasileira. A derrota do PT é tão expressiva quanto a vitória do PSDB — afirmou o senador.
Indagado sobre se há correlação do resultado deste ano com as eleições de 2018, minimizou:
— O PSDB sai fortalecido. Não há ligação entre o que acontece hoje e em 2018, mas o PSDB cresceu de forma extremamente vigorosa. E houve a derrocada do PT, que se viu dizimado.
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