Pazuello
e Queiroga não falam em urgência porque Bolsonaro não demonstra angústia
O
Brasil deve ser o único país do mundo que tem dois ministros para gerenciar uma
política oficial desastrosa na saúde. No momento em que a média de mortes ultrapassou
a faixa de 2.000 por dia, o general Eduardo Pazuello e o doutor Marcelo
Queiroga apareceram juntos para mostrar que o governo continua sem um plano de
emergência para a fase crítica da pandemia.
De saída, o militar parece interessado na missão impossível de salvar a própria imagem. Pazuello assistiu no cargo à escalada de mortes 15 mil para 285 mil em dez meses e seguiu as vontades mais descabidas do chefe. Ainda assim, ele acha que conseguirá evitar uma merecida condenação pública ao deixar o posto.
Pela
segunda vez na semana, o general fez um balanço colorido de sua gestão. Nesta
quarta (17), ao receber as primeiras
doses da vacina contra a Covid-19 produzidas pela Fiocruz, ele disse que a
imunização lenta no Brasil foi provocada por atrasos na chegada de insumos. Seria
bom se o país tivesse um especialista em logística para contornar esse
problema.
Pazuello
discursou como um corretor imobiliário que vendia um apartamento com um ano de
atraso. “Vou entregar a ele um ministério estruturado, organizado, funcionando
e com tudo pronto”, disse, em referência ao sucessor. E fez questão de dizer
que pouca coisa vai mudar daqui por diante: “O doutor Marcelo Queiroga reza
pela mesma cartilha”.
Já
o futuro ministro participou do evento como se já estivesse no cargo. Disse que
pretendia “dar início ao maior programa de imunização” do país, dois meses
depois da aplicação da primeira dose do imunizante. Depois, ele deixou a
pregação bolsonarista de lado por um instante e defendeu o distanciamento
social. Faltou dizer se o presidente vai parar de sabotar essas medidas.
Nenhum dos dois ministros fala em ações urgentes porque o chefe da dupla jamais demonstrou angústia com a tragédia nacional. Jair Bolsonaro passou a quarta em reuniões. Cancelou um evento no Planalto e nem chegou perto da Fiocruz.
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