quinta-feira, 11 de março de 2021

Mariliz Pereira Jorge - O antibolsonarismo

- Folha de S. Paulo

Um deputado chinfrim e antidemocrático por 30 anos não vira estadista

Ruim com o PT? Para cada vez mais gente, pior com um lunático, genocida e sua trupe de incompetentes. Em dois anos, Jair Bolsonaro é odiado por gente de todo o espectro político, inclusive ex-apoiadores, e pavimentou o surgimento do antibolsonarismo.

O movimento "qualquer um menos Bolsonaro" tem nele o melhor garoto propaganda, que nos lembra todos os dias que a reforma mais importante para o país é a do ocupante do seu cargo.

Eleito à custa do antipetismo, Jair provou o que se sabia sobre ele: deputado chinfrim e antidemocrático por 30 anos, não se transformaria num estadista. Ódio pode mover eleitores, mas não é combustível para governar um país, só para destruí-lo.

Com o desastre na condução da pandemia somado a todos os outros pesadelos de sua administração, Bolsonaro não terá outra alternativa a não ser repetir a fórmula de 2018, a única que conhece: fiar a eleição no antiesquerdismo. Resta saber se o antibolsonarismo não será maior até lá. Aposto que já é.

Mas falta um nome para unificar o horror a Bolsonaro. Teremos? Fala-se que o presidente tem em Lula o adversário dos sonhos para 2022. É possível, ainda que a bandeira contra a corrupção tenha enfraquecido, Jair pode praticar sua especialidade: aos gritos, usar a ameaça aos "valores da família" e a do fantasma comunista. Funciona com a audiência amestrada que acredita tanto em cloroquina quanto em chip chinês implantado.

Mas 2022 não é 2018. A rejeição a Bolsonaro só aumenta, enquanto o antipetismo esmorece diante de um sentimento de repulsa ainda maior. E Lula não é Dilma ou Haddad. Apesar de Mensalão, Petrolão e toda sorte de maus feitos, Lula representa um período de mudanças sociais significativas no Brasil e, na memória afetiva de petistas e de não-petistas, uma época próspera e feliz. Se candidato, Lula será maior do que o antipetismo para fazer vingar o antibolsonarismo?

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