Muitas
vezes viajando pela Europa me impressionava o valor que davam a vidas humanas.
Enquanto isso, no Brasil, sempre me horrorizou o desprezo que o Estado e a
sociedade têm pela vida humana
Para
as famílias e os amigos, não tem preço. Mas, para a economia, a política e o
Estado, tem, em reais ou em dólares.
Muitas
vezes viajando pela Europa me impressionava o valor que davam a vidas humanas,
os cuidados, a proteção. Aos poucos entendi que não era só por humanismo, mas
pelo que cada um custava ao Estado do bem-estar social, até se tornar um
pagador de impostos em tudo que trabalha, produz e consome.
Enquanto isso, no Brasil, sempre me horrorizou o desprezo que o Estado e a sociedade têm pela vida humana (a imagem-símbolo é um corpo estirado chão coberto por um jornal ), que foi explicitado e exacerbado na pandemia pelo negacionismo e a impiedade do presidente da República. Na falta de coração, deveria ao menos pensar no bolso do cidadão, mas o cara ignora o prejuízo real, em reais, que os mortos e contaminados dão a um Estado que gasta R$ 40 mil por ano com cada preso e R$ 15 mil por estudante do ensino superior. Imaginem com internações hospitalares.
Quanto
custa ao Estado, ao contribuinte, manter, do berço à universidade, um cidadão
brasileiro? Qual o valor contábil de uma vida inteira usando maternidades,
creches, escolas e universidades públicas, serviços públicos de saúde, tudo
bancado pelo Estado? Algum economista amigo por favor me ofereça um cálculo
aproximado. Só se sabe que é um custo monstruoso, mas não o seu exato tamanho.
Quanto custou o cidadão até entrar no mercado de trabalho e começar a produzir
e pagar impostos? Quanto vale uma vida, em reais ou dólares, no Brasil ?
Enquanto
as famílias choram a perda de seus 250 mil mortos, o Estado sequer lamenta a
diminuição na força de trabalho e nos consumidores e pagadores de impostos, um
baita prejuízo que será pago por todos que sobreviverem.
Ainda
me lembro de Bolsonaro dizendo, colérico, no início da pandemia: “Se todo mundo
ficar em casa, a economia acaba, e, se a economia acabar, acaba o meu governo.”
O
“Axioma de Jair” é incontestável e está sendo provado todo dia por suas
palavras e ações. Criou um chavismo de direita, fez uma aliança pelo atraso com
o Centrão, e também com o PT, unidos pelo nacionalismo estatizante e pelo fim
da Lava-Jato, gerando um inimaginável bolsopetismo, que exclui qualquer
possibilidade de uma frente de esquerda, de centro e de centro-esquerda capaz
de derrotá-lo.
Para
ir ao segundo turno lhe bastam seus 30% de fanáticos. Os restantes 60% que o
desaprovam só unidos podem vencer a eleição com Ciro, Dória, Moro, Mandetta ou
Haddad.
Outro
exercício de futurologia: como Flávio Bolsonaro vai pagar as prestações de R$
18 mil a R$ 21 mil da mansão com seu salário liquido de R$ 25 mil do Senado?
Como vai manter uma casa imensa que exige muitos empregados, todos com carteira
assinada e direitos trabalhistas? Como não vai ser senador para sempre, quando
sair, como não sabe fazer nada, vai pagar como? Ah, tem a mulher dentista, que
vai começar a buscar clientes em Brasília.
O maior burro é o que acha que burros são os outros.
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