A cidade do Rio de Janeiro, mais uma vez, não se projeta em condições de se fazer decisiva eleitoralmente nas próximas eleições. As forças progressistas não podem reinventar a história recente da política estadual que elegeu um ex-prefeito de Campos com os votos do Partido dos Trabalhadores há mais de 20 anos atrás. Testemunhou a formação de um novo Núcleo Político de Dirigentes estaduais com base política na Baixada Fluminense e todos coabitaram com as novas lideranças políticas com base no voto evangélico.
As eleições de 2022 no Rio de Janeiro não
serão um plebiscito na Praça São Salvador na Zona Sul carioca. Há um eleitor em
territórios profundos que nem conhecem as regras eleitorais e se movimentarão
nas margens do clientelismo reforçado pelo elevado crescimento da desigualdade
social. Ainda nem chamamos a atenção para o mosaico de “Vendeias” reunidas numa
confederação de grupos paramilitares que dominam amplos territórios políticos
que vão da capital até municípios do interior. Se expandem a medida que a
sensação de insegurança pública foi se expandindo. A Região Serrana do Rio de
Janeiro recebeu uma “classe média” que fugiu da violência carioca em tempos
recentes e não tenhamos a expectativa que rezem pela “cartilha” dos Direitos
Humanos.
Se me permitirem uma metáfora boa para
qualquer professor de História melhor explicar o provável cenário eleitoral do
Rio de Janeiro, eu exporia que teremos menos personagens jacobinos e muitas
legiões de cossacos dominando amplas zonas eleitorais. Uma possível fratura na
base eleitoral do Governo como ocorreu nas eleições da Capital é praticamente
impossível. Então, as forças progressistas não se devem alimentar o discurso da
“frente de esquerda” como se essa fosse a Frente Ampla. Além disso, a pauta
eleitoral não pode ser um programa de uma classe média das “bolhas”, mas aquela que pressionem uma saída que gere
empregos para a maioria da população.
Gerar emprego e combater a miséria. Essas
seriam as palavras dos progressistas para tentar romper esse “corredor
sanitário” das forças obscuras da política que circundam a Baixada Fluminense.
Portanto, é momento de fazer concessões nas articulações das chapas
majoritárias desde que haja compromissos políticos com essas duas linhas
programáticas. Na articulação da Frente Democrática no estado do Rio de Janeiro
esse passo atrás nos nomes indicados deve exigir mais formação programática dos
atores políticos do campo progressista. Entretanto, um bom programa se faz
quando assumido pelas forças políticas e não simplesmente com a citação de
belos nomes acadêmicos. A mobilização da política não pode ser feita com
dúvidas da necessidade de ter um palanque político heterogêneo que permita uma
vitória eleitoral convincente. Mais vale estar influindo numa nova gestão
estadual no Rio de Janeiro do que amagar uma nova derrota e logo no decisivo
ano de 2022. Observemos que é muito importante ganhar e muito melhor governar
nos marcos do “compromisso histórico” como ensinou um político italiano dos
anos 70/80.
*Mestre em Sociologia. Autor do livro A Sagrada Política. Ed. Albatroz, Rio de Janeiro, 2019.
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