Folha de S. Paulo
Reação a abusos e força de redes e ‘big techs’
tem prisão e bloqueios
Pavel Durov,
dono do Telegram, passou três dias em uma cadeia da França, em
agosto. Está sob vigilância estrita. É acusado, entre tantas outras coisas, de
obstruir a Justiça e de administrar plataforma online para facilitar transações
de quadrilhas envolvidas em crimes digitais, pornografia infantil, tráfico etc.
Em março de 2022, o STF (Supremo Tribunal Federal) mandou bloquear o Telegram. A ordem durou de uma quinta-feira a um domingo. Cairia antes do vencimento do prazo da suspensão efetiva do Telegram, que acabou por acatar ordens judiciais (o que não fizera até então, dizia, por ter perdido emails do STF).
Na sexta (30), o ministro Alexandre de
Moraes, do STF, mandou
derrubar o X, o Twitter,
de Elon Musk .
As empresas encarregadas de fechar o acesso ao X tinham prazo de cinco dias
para executar a ordem. Por quanto tempo o X vai sair do ar, se algum? Haverá
armistício, recuo tático de Musk, acordão?
Um "X" desta questão é saber até
onde vai mais essa batalha da guerra difusa
entre autoridades públicas, do Brasil e do mundo, contra "big techs"
e redes sociais em particular. O resultado da escaramuça, da
batalha ou da guerra deve influenciar a atuação de empresas, Congresso,
Justiça, partidos. Envolvidos e interessados no conflito vão refletir a
respeito de que armas e defesas vão utilizar daqui em diante —como ocorre
depois de qualquer guerra.
O conflito entre "techs" e governos
já foi além da disputa acerca de regulação econômica, de responsabilidades
legais online e de liberdade de expressão. É política explícita: contra e a
favor do programa de plutocratas e empresas globais. É conflito
político-partidário em cada país. É embate geopolítico: se continuar chinês, o TikTok
será banido dos EUA em janeiro de 2025. Em suma, uma questão
importante é saber se medidas recentes e mais drásticas contra empresas e donos
de redes e similares seriam sinal de acirramento do conflito.
De modo mais descarado a partir de abril,
Musk misturou seus interesses de plutocrata global aos da extrema direita
brasileira. Nessa refrega, o homem "X" enfatizou seu desprezo pela
Justiça brasileira. Também por causa da ofensiva Musk, o projeto da
lei das "fake news" foi para o vinagre no Brasil. A
decisão de Moraes aumentará a oposição ao Supremo, a politização da Justiça e a
partidarização da lei do digital.
Mesmo no caso de recuo do X, Musk e a direita
se farão de vítimas, de defensores de liberdades e dos usuários de redes e
plataformas digitais. Ainda mais em um país pobre como o Brasil, redes e
similares são fontes escassas de informação e diversão. A ultradireita pode
atiçar o medo do povo de perder aplicativos de mensagens, meio de negócios e
sobrevivência.
Musk vai encarar uma suspensão longa ou
proibição total (como em vários países dos despotismos asiáticos)? O STF vai
abrir uma fresta para acordo? A guerra das redes no Brasil, mercado enorme,
embora pobre, será um caso de estudo desse conflito midiático-político-empresarial.
No livro de fotos que vai lançar em
breve, Donald Trump ameaça Mark
Zuckerberg de prisão perpétua caso o Facebook
"interfira" na eleição deste ano. A ameaça será inócua caso Trump não
vença Kamala
Harris, aliás odiada por Musk. Mas trata-se de outra sugestão de que
os casos TikTok,
Durov, Musk não devem ser anedóticos.
3 comentários:
É impossível escrever um texto enorme e falar mal do Elon Musk e não tocar no ditador mundialmente conhecido Alexandre de Moraes que sequestrou a nossa Constituição e hoje rege o país a partir de suas próprias leis
Infelizmente o jornalismo nas mídias tradicionais está nitidamente a favor da censura imposta por esse tirano que já é visto nas paginas de jornais internacionais como ditador brasileiro
Enquanto pra muitos jornalistas militantes de esquerda ele é o salvador da nossa democracia
Xandão!
O Brasil tem soberania e não é uma república de bananas. Elon Musk não é maior que as leis brasileiras. Essa rede social já foi banida de vários países e aqui no nosso país quer passar por cima das ordens judiciais. Todo apoio a Alexandre de Moraes!
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