DEU EM O GLOBO
Dilma faz 46 eventos em 4 meses
O governo nega que seja campanha, mas, nos últimos quatro meses, a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, participou de 46 atos públicos país afora, nos quais não faltaram discursos, fotos com aliados e plateias saudando a sua candidatura à Presidência da República. Na volta do recesso, esta semana, a Justiça Eleitoral deverá julgar cinco representações da oposição, que vê nessa intensa movimentação da ministra uma campanha eleitoral antecipada.
Palanque acelerado
Em pré-campanha, Dilma participou de 46 atos públicos nos últimos quatro meses
Luiza Damé e Gerson Camarotti
BRASÍLIA - Para a oposição, é pura campanha eleitoral antecipada a maratona de eventos do presidente Lula e da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência, país afora. Para os governistas, tudo é agenda de governo ou, no máximo, debate político.
O fato é que, nos últimos quatro meses, Dilma participou de 46 atos públicos que serviram de palanque para apresentá-la como potencial candidata.
Uma média de 11 eventos por mês, com direito a discursos, fotos com aliados, plateia e contatos com a população.
A Justiça Eleitoral volta do recesso esta semana com o desafio de arbitrar o jogo da campanha.
O levantamento foi feito pelo GLOBO com base na agenda da ministra, disponível na página da Casa Civil na internet, em outubro, novembro e dezembro de 2009 e janeiro de 2010.
Estão incluídos inaugurações, visitas a obras, lançamentos de programas do governo federal e sanções de leis, nas quais a ministra teve papel central ou fez discursos.
As andanças de Dilma, a tiracolo do presidente ou não, já renderam nove representações da oposição no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), desde fevereiro de 2009: três foram rejeitadas, uma foi extinta e as demais não foram julgadas. Semana passada, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, cobrou ações mais rigorosas da Justiça Eleitoral para todos os níveis da disputa.
A cúpula do PT adotou um discurso preventivo contra os ataques da oposição, que tem classificado as ações de Dilma como campanha antecipada; a oficial só começa no dia 5 de julho. O presidente eleito do PT, José Eduardo Dutra, admite que o partido errou ao fazer esse tipo de cobrança quando foi oposição ao governo Fernando Henrique.
— Faz parte do jogo político recorrer ao Judiciário. Contribuímos muito para a judicialização da política.
Fizemos muita bobagem quando o PT era da oposição — reconhece, partindo já para o contra-ataque, lembrando ações do governo do tucano José Serra em São Paulo
PAC renderá mais 203 inaugurações
Dutra destaca uma campanha de televisão feita pelo governo de São Paulo sobre a Sabesp (empresa de saneamento básico do estado), veiculada em estados não atendidos por ela. O dirigente petista defende a agenda de Dilma ao lado de Lula: — Qualquer governo é formado por políticos e qualquer governo costuma fazer inaugurações. Se faz inaugurações, fala bem de si próprio.
O que a oposição queria é que Lula e Dilma ficassem dentro do Palácio do Planalto do primeiro ao último dia de governo. Isso não vai acontecer.
A estratégia foi definida por Lula há dois anos, quando ele avaliou que era preciso dar grande exposição à ministra e associá-la a fatos positivos do governo, para que ficasse conhecida e crescesse nas pesquisas. A agenda tão intensa afetou a saúde de Lula, mas ele já avisou que irá manter o ritmo de compromissos durante todo seu último ano de governo.
Foi a partir dessa estratégia que Lula batizou a ministra de “Mãe do PAC”, associou sua imagem à descoberta do pré-sal e de outras ações populares do governo como as da educação, o Luz Para Todos e o Minha Casa, Minha Vida.
Ao mesmo tempo, ela foi poupada de episódios negativos, como a crise financeira internacional, de 2008.
Lula conseguiu o que queria: elevar a popularidade de Dilma para um patamar acima de 20% e impor sua candidatura ao PT e aliados.
Mesmo quando Dilma virar candidata oficial e não puder mais participar de inaugurações do governo, Lula terá muitos palanques onde a lembrança da “Mãe do PAC” será inevitável: até o fim do ano, 203 obras do PAC podem ser inauguradas, parcial ou totalmente.
Além disso, pelo menos 178 escolas técnicas também poderão ser concluídas em pleno ano eleitoral, sendo que 51 já estão prontas.
Dilma faz 46 eventos em 4 meses
O governo nega que seja campanha, mas, nos últimos quatro meses, a chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, participou de 46 atos públicos país afora, nos quais não faltaram discursos, fotos com aliados e plateias saudando a sua candidatura à Presidência da República. Na volta do recesso, esta semana, a Justiça Eleitoral deverá julgar cinco representações da oposição, que vê nessa intensa movimentação da ministra uma campanha eleitoral antecipada.
Palanque acelerado
Em pré-campanha, Dilma participou de 46 atos públicos nos últimos quatro meses
Luiza Damé e Gerson Camarotti
BRASÍLIA - Para a oposição, é pura campanha eleitoral antecipada a maratona de eventos do presidente Lula e da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência, país afora. Para os governistas, tudo é agenda de governo ou, no máximo, debate político.
O fato é que, nos últimos quatro meses, Dilma participou de 46 atos públicos que serviram de palanque para apresentá-la como potencial candidata.
Uma média de 11 eventos por mês, com direito a discursos, fotos com aliados, plateia e contatos com a população.
A Justiça Eleitoral volta do recesso esta semana com o desafio de arbitrar o jogo da campanha.
O levantamento foi feito pelo GLOBO com base na agenda da ministra, disponível na página da Casa Civil na internet, em outubro, novembro e dezembro de 2009 e janeiro de 2010.
Estão incluídos inaugurações, visitas a obras, lançamentos de programas do governo federal e sanções de leis, nas quais a ministra teve papel central ou fez discursos.
As andanças de Dilma, a tiracolo do presidente ou não, já renderam nove representações da oposição no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), desde fevereiro de 2009: três foram rejeitadas, uma foi extinta e as demais não foram julgadas. Semana passada, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, cobrou ações mais rigorosas da Justiça Eleitoral para todos os níveis da disputa.
A cúpula do PT adotou um discurso preventivo contra os ataques da oposição, que tem classificado as ações de Dilma como campanha antecipada; a oficial só começa no dia 5 de julho. O presidente eleito do PT, José Eduardo Dutra, admite que o partido errou ao fazer esse tipo de cobrança quando foi oposição ao governo Fernando Henrique.
— Faz parte do jogo político recorrer ao Judiciário. Contribuímos muito para a judicialização da política.
Fizemos muita bobagem quando o PT era da oposição — reconhece, partindo já para o contra-ataque, lembrando ações do governo do tucano José Serra em São Paulo
PAC renderá mais 203 inaugurações
Dutra destaca uma campanha de televisão feita pelo governo de São Paulo sobre a Sabesp (empresa de saneamento básico do estado), veiculada em estados não atendidos por ela. O dirigente petista defende a agenda de Dilma ao lado de Lula: — Qualquer governo é formado por políticos e qualquer governo costuma fazer inaugurações. Se faz inaugurações, fala bem de si próprio.
O que a oposição queria é que Lula e Dilma ficassem dentro do Palácio do Planalto do primeiro ao último dia de governo. Isso não vai acontecer.
A estratégia foi definida por Lula há dois anos, quando ele avaliou que era preciso dar grande exposição à ministra e associá-la a fatos positivos do governo, para que ficasse conhecida e crescesse nas pesquisas. A agenda tão intensa afetou a saúde de Lula, mas ele já avisou que irá manter o ritmo de compromissos durante todo seu último ano de governo.
Foi a partir dessa estratégia que Lula batizou a ministra de “Mãe do PAC”, associou sua imagem à descoberta do pré-sal e de outras ações populares do governo como as da educação, o Luz Para Todos e o Minha Casa, Minha Vida.
Ao mesmo tempo, ela foi poupada de episódios negativos, como a crise financeira internacional, de 2008.
Lula conseguiu o que queria: elevar a popularidade de Dilma para um patamar acima de 20% e impor sua candidatura ao PT e aliados.
Mesmo quando Dilma virar candidata oficial e não puder mais participar de inaugurações do governo, Lula terá muitos palanques onde a lembrança da “Mãe do PAC” será inevitável: até o fim do ano, 203 obras do PAC podem ser inauguradas, parcial ou totalmente.
Além disso, pelo menos 178 escolas técnicas também poderão ser concluídas em pleno ano eleitoral, sendo que 51 já estão prontas.
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