Pesquisa Focus, do Banco Central junto ao mercado, mostra que analistas preveem crescimento de apenas 3,09% para este ano. Mas já há consultorias apostando em menos, cerca de 2,5%
Mercado reduz projeção do PIB para 3,09%. Economistas preveem 2,5%
Mantega diz que Brasil tem condições de crescer acima dos 2,7% de 2011
Martha Beck, Gabriela Valente, Lino Rodrigues e Henrique Gomes Batista
EMPURRÃO OFICIAL
BRASÍLIA, SÃO PAULO e RIO . Os esforços do governo para estimular o crescimento - com redução das taxas de juros e novos incentivos ao crédito e ao consumo - não serão suficientes para fazer a economia crescer acima de 4,5% em 2012, como deseja a presidente Dilma Rousseff. Tanto economistas quanto o governo descartam esse possibilidade. As projeções de crescimento continuam caindo e, cada vez mais, há apostas de avanço de apenas 2,5% neste ano, patamar inferior ao registrado no ano passado.
Ontem, ao anunciar mais um pacote de medidas para impulsionar a economia, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu que será difícil atingir a meta, porque a crise internacional atingiu em cheio o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.
- E se a crise piorar, será difícil alcançarmos 4,5%, mas o Brasil possui condições de continuar crescendo mais do que os 2,7% do ano passado - disse Mantega, sem descartar novas ações para compensar os efeitos das turbulências na economia europeia.
Mas mesmo essa avaliação de Mantega é considerada excessivamente otimista pelos agentes do mercado financeiro. A piora da crise já afeta o desempenho da atividade econômica no país. O índice de crescimento calculado pelo Banco Central (BC) - que funciona como uma prévia do desempenho do PIB divulgado pelo IBGE - mostra que a atividade registrou uma queda de 0,35% em março. Os números refletem o agravamento de um quadro que ocorre desde o início de 2012. Nos três primeiros meses do ano, a economia só conseguiu crescer 0,15% em relação ao último trimestre do ano passado.
Segundo a pesquisa semanal que o BC faz com economistas das principais instituições bancarias do país, divulgada ontem, a previsão de crescimento para este ano caiu de 3,2% para 3,09%. Foi a segunda queda seguida na estimativa.
Mesmo longe de alcançar o crescimento pretendido, o governo insistiu em manter a projeção original na última avaliação bimestral de receitas e despesas, divulgada na semana passada. Só que nos bastidores, os técnicos trabalham com um intervalo entre 3% e 3,5%.
Analista: economia do país patina com crise externa
Além da crise, sabe-se que as ações que vêm sendo adotadas, como a própria queda dos juros, têm um tempo de maturação até fazer efeito sobre a atividade. As medidas tomadas e reeditadas pelo governo ainda não conseguiram afetar a atividade como pretendido pela equipe econômica.
- Os pacotes não estão funcionando. Devem promover algum crescimento no segundo semestre, mas não será suficiente para fazer o país crescer mais de 3% - ressaltou o economista Carlos Eduardo Lopes, economista do banco Fibra.
Segundo o economista Francisco Pessoa, da Consultoria LCA, as novas medidas não devem ter efeito muito grande sobre as projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano. A LCA estima alta de 2,6% para o PIB.
- Pode funcionar no curto prazo, mas não terá o mesmo impacto que tiveram (as medidas) em 2008 e 2009. Para chegar aos 2,6%, tem de dar tudo muito certo e não é isso que estamos vendo nos dados do primerio trimestre e de abril - disse Pessoa.
O professor Armando Castelar, da UFRJ, acredita que os dados econômicos estão confirmando que a economia patina e tem dificuldades em decolar, por conta, também da piora do cenário internacional. Mesmo com as novas medidas, ele acredita que o desempenho será muito inferior à meta do governo:
- A previsão de um crescimento em torno de 2,5% é algo bem razoável neste momento - afirmou o professor.
O economista Jason Vieira, do Banco Cruzeiro do Sul, que estima uma alta de 3,4% no PIB em 2012, lembra que as medias não terão o efeito desejado se o governo não sinalizar que haverá uma pausa na redução dos juros.
- Pode dar um impulso (nas vendas), mas ninguém vai sair correndo para comprar carro se há a expectativa de novas reduções das taxas de juros - disse.
FONTE: O GLOBO
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