Procurador-geral diz que, em tese, instrumento da delação premiada é
possível só até a fase de instrução do processo
Ricardo Brito
BRASÍLIA - O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, afirmou que se o
empresário Marcos Valério fizer um acordo de delação premiada com o Ministério
Público Federal, ele não seria beneficiado no processo do mensalão em
julgamento no Supremo Tribunal Federal. Gurgel disse que isso só ocorreria em
outras investigações e processos em curso.
Uma pessoa condenada que tenha sido beneficiada pelo instituto da delação
premiada, quando aceita a colaborar com a Justiça, pode ter assegurada a
redução ou até a extinção da pena, além da possibilidade de cumpri-la em regime
semiaberto e até o perdão judicial. Condenado pelo STF a 40 anos, Valério é
alvo de mais de dez apurações criminais País afora, tendo sido condenado em
alguns deles. No dia 22 de setembro, um fax subscrito por Marcelo Leonardo,
advogado de Valério, foi enviado ao presidente do STF, Carlos Ayres Britto, com
pedido para que o empresário pudesse prestar novo depoimento. O documento
referia-se, sem detalhar o porquê, à lei da delação premiada e à obrigação de se
protegerem pessoas ameaçadas de morte.
Sempre fazendo questão de dizer que falava em tese, Gurgel afirmou que
Valério só poderia ser beneficiado no processo do mensalão se o acordo tivesse
sido firmado durante a instrução do caso. Em setembro, porém, o caso já estava
em julgamento. "Na Justiça, ele tem um grande volume de processos. O que
se tem de entendimento normalmente é que só é possível qualquer benefício de
delação premiada no máximo até o fim da instrução processual", afirmou
Gurgel.
O procurador-geral disse que, quando ocorre uma proposta dessas, o MP
examina e, se concordar, encaminha para homologação. Ele não quis dizer se um
acordo com Valério estaria em curso mas observou que, em relação a uma proteção
para o empresário, o pedido será apreciado no momento da execução da pena.
"Claro que sempre se vai procurar assegurar todas as condições de
segurança", destacou.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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