Ideia é barrar as pretensões da sigla de Eduardo Campos de ganhar mais
ministérios além dos dois que já tem
Tânia Monteiro
BRASÍLIA - O Planalto começou a introduzir nas pretensões do PSB uma
"vacina anticargo". Vitorioso no processo eleitoral municipal, o
partido do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, foi confrontado com um
levantamento que mostra que a expansão da legenda ocorreu sob o guarda-chuva do
governo federal, principalmente em áreas de atuação do Ministério da Integração
Nacional, comandado pelo PSB.
A presidente Dilma Rousseff, que na terça-feira receberá para uma conversa
descontraída lideranças petistas e peemedebistas, em seguida deverá receber
Campos. Embora no Planalto não se fale em ampliação da presença do partido no
primeiro escalão, por considerar que a legenda já dispõe de duas Pastas,
Integração Nacional e Portos, a primeira delas classificada pelo governo como
"polpuda" em função da sua capilaridade, o PT teme que isso possa
ocorrer.
Nos bastidores, dirigentes petistas reconhecem o crescimento do PSB, mas
preferem dizer que o partido já está muito bem aquinhoado. Ainda na avaliação
petista, as acomodações pós-eleições deveriam se resumir a atender a Gabriel
Chalita, do PMDB, considerado peça fundamental na vitória de Fernando Haddad na
Prefeitura de São Paulo, e o PSD, de Gilberto Kassab, como se desenha no
Planalto. Eles não gostariam de ver o PSB ampliar seu espaço na Esplanada, mas
temem que isso possa acontecer.
O temor existe porque no Planalto entende-se a importância de manter o PSB
como aliado, como tem sido até agora. No início da semana, o presidente do PT,
Rui Falcão, chegou a comentar que, de fato, o PSB realmente "foi muito
bem" nas eleições municipais, mas evitou maiores elogios quando foi
questionado. Ele se limitou a responder que, para o PT, é melhor que um partido
aliado tenha se saído bem nas urnas do que um da oposição.
Conversa. Campos, que está sendo esperado em Brasília em data ainda a ser
marcada, vai conversar com Dilma como presidente do PSB. Após o 2.º turno, o
governador apresentou números do crescimento da legenda e fez questão de mandar
um recado a Dilma e aos petistas. Em sua fala, deixou a mensagem que
"ficou a lição" de que o PSB apoiou mais o PT nessas eleições do que
PT apoiou o PSB. Campos lembrou que enquanto o PSB apoiou o PT em 11 cidades, o
PT só apoiou o PSB em uma, Duque de Caxias (RJ). "Fica a lição",
avisou.
O Planalto sabe que o PSB é um aliado importante. "Não queremos abrir
mão do PSB", disse um assessor palaciano. A intenção do Planalto, no
entanto, é "monitorar" Campos, mantendo a boa relação atual, apesar
de reconhecer que houve estremecimento em virtude da disputa em várias cidades,
como Fortaleza, onde o rompimento foi declarado. Campos é potencial candidato à
Presidência em 2014 e tudo dependerá do que ocorrer até lá.
Fonte: O Estado de S. Paulo
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