Pré-candidatos em 2014 também acertam dobradinha contra PECs
Maria Lima
BRASÍLIA - Não é só o discurso de duras críticas às políticas do governo Dilma Rousseff que tem aproximado os pré-candidatos à sucessão presidencial Aécio Neves, do PSDB, e Eduardo Campos, do PSB. O senador mineiro e o governador pernambucano estão fazendo uma dobradinha para derrubar o projeto que inviabiliza a criação de novos partidos, contra as propostas que tiram poderes do Ministério Público (PEC 37) e do Supremo Tribunal Federal (PEC 33), e vão atuar em conjunto para acelerar a tramitação de um projeto que estabelece mandato de cinco anos, sem direito à reeleição, de presidente e governadores. O acerto foi feito em uma conversa por telefone na quinta-feira.
A ex-ministra Marina Silva também tem sido paparicada pelos dois adversários de Dilma, solidários com sua luta para viabilizar a criação do partido Rede Sustentabilidade, com o qual ela pretende disputar a Presidência. Aécio e o líder do PSB, senador Rodrigo Rollemberg (DF), participaram, junto com Marina, da criação do movimento suprapartidário contra a aprovação, no Senado, do projeto que proíbe a distribuição do tempo de TV e de recursos do Fundo Partidário a novas legendas. Coube a Rollemberg, por orientação de Eduardo Campos, impetrar o mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal (STF) que culminou com a suspensão da tramitação da matéria no Senado, para desespero de PT e PMDB.
Ontem, depois de participar de evento do DEM em Belo Horizonte, ao comentar o tom crítico do programa nacional do PSB na TV, Aécio saudou a chegada de Campos à oposição aos petistas. Como protagonista do programa partidário, o presidente do PSB criticou os gargalos logísticos, a miséria que ainda existe nos grotões e periferia de Brasília, a falta de diálogo da presidente Dilma e a redução na distribuição de verbas para estados e municípios.
Juntos no Dia do Trabalhador
No dia 1º de maio, Campos e Aécio devem aparecer juntos nas comemorações do Dia do Trabalhador organizado pela Força Sindical e por outras centrais em São Paulo. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, do PSDB, também foi convidado. A presidente Dilma deve ir ao evento da CUT, onde o mote é a campanha pela regulação de mídia defendida pelo PT.
- Eu dou as boas-vindas ao companheiro Eduardo Campos no campo oposicionista. É uma demonstração clara da fragilidade que vem passando o governo. Setores que eram governo e vêm para a oposição são muito bem-vindos - disse Aécio.
Mas nem todos os aliados de Eduardo Campos concordam com a leitura do tucano sobre o programa do PSB.
- A fala do Aécio mostra como o PSDB e o PT são parecidos. Foi um programa em tom crítico, mas não é real a interpretação de que o PSB deixou a base e está na oposição - reagiu o líder Rodrigo Rollemberg.
Já o deputado mineiro Júlio Delgado, também do PSB, afirmou que, na conversa que teve com Aécio por telefone, Campos disse que a proposta de unificação das eleições, mandato de cinco anos e fim da reeleição para presidente é uma pauta antiga do PSB. Esta semana Aécio passou a defender a proposta, para entrar em vigor em 2018.
- O Eduardo disse ao Aécio que ele apoia a proposta e que vai consultar o partido. Eu posso dizer que será muito bem recebida. Existem vários projetos engavetados que, com a mobilização de duas lideranças importantes, podem agora ganhar corpo. Essa aproximação em propostas que contrariam quem quer aparelhar o Estado vai ao encontro do desejo da sociedade - avaliou Delgado.
De olho numa parceria em um eventual segundo turno em 2014, o pré-candidato tucano disse que não enxerga Campos e Marina como concorrentes. Tida como imbatível até por setores da oposição, a presidente Dilma pode ter que enfrentar um dos três na hipótese de segundo turno.
- As candidaturas de Marina e Eduardo darão pluralidade à disputa. O governo e a presidente Dilma é que me parecem extremamente preocupados, talvez perplexos, com o que vem acontecendo no Brasil - disse Aécio.
Em maio, o tucano disputa a presidência do PSDB e deve estrelar programa nacional do partido na TV. A partir daí, começa a viajar o país para se tornar conhecido fora do eixo Minas-Rio-São Paulo.
- Não será uma tarefa fácil, mas longe de temê-la - declarou Aécio.
Fonte: O Globo
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