terça-feira, 29 de outubro de 2013

Aécio pede tempo, enquanto Serra diz que 'muitas surpresas' ainda virão

Em Minas e em SP, tucanos mostram que PSDB ainda não tem consenso para 2014

Ezequiel Fagundes

BELO HORIZONTE- Depois de um encontro com tucanos e aliados em Uberlândia (MG), no qual foi tratado como pré-candidato à Presidência pelo PSDB, o presidente nacional do partido e senador Aécio Neves admitiu que ainda não há clima no partido para assumir a disputa contra a presidente Dilma Rousseff. Enquanto isso, em São Paulo, o ex-governador José Serra disse ontem

que até as eleições presidenciais ocorrerão "muitas surpresas" e considerou que "ainda tem muita coisa por definir" no quadro eleitoral Em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, Aécio foi a atração principal do encontro batizado de "Conversa com os mineiros" que reuniu 40 deputados, 120 prefeitos e 200 vereadores de 11 partidos.

— Tenho dito há muito tempo e repito hoje aqui: a principal das artes das política é administrar o tempo. Não há necessidade de termos uma candidatura colocada agora. Tenho viajado o Brasil como presidente nacional do PSDB. Acho que no início do ano que vem teremos o clima adequado para a definição de quem irá empunhar essas bandeiras. Nada adianta você ter um candidato hoje que as pessoas não compreendam com clareza o que ele representa — disse Aécio, que acrescentou:

— A nossa unidade é o combustível mais valioso que temos para vencer as eleições.

Aécio ainda luta para transformar em consenso dentro do PSDB sua provável candidatura a presidente, porém Serra continua dando sinais de que deseja concorrer.

Mudança no quadro eleitoral
O ex-governador de São Paulo participou de reunião quinzenal da diretoria da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), onde apresentou um cenário sobre os desafios atuais do país. E fez questão de analisar o cenário político e as possibilidades de mudanças no quadro atual.

— Eu acho muito difícil prever, é muito cedo. Voltem para outubro de 1993 e vejam o que aconteceu. Em outubro de 1994, houve uma mudança muito grande. Naquela época, em 1993, estávamos empenhados no PSDB para que (o ex-governador do Rio Grande do Sul) Antonio Britto viesse para o PSDB para ser candidato a presidente. Em janeiro de 1994, ainda insistimos para que ele fosse candidato pelo PMDB. Em outubro daquele ano, Fernando Henrique Cardoso estava eleito. Ainda vão vir muitas surpresas — disse o tucano.

Por já ter disputado duas sucessões presidenciais, o ex-governador de São Paulo considerou "óbvio" o bom desempenho dele na última edição da pesquisa Ibope, divulgada na semana passada.

Unidade contra Dilma
O único cenário com possibilidade de segundo turno é quando a presidente Dilma Rousseff disputa contra José Serra e Marina Silva, mesmo cenário de 2010. Mesmo assim, ele minimizou seu desempenho nos levantamentos:

— Eu disputei a eleição passada, tive 44% dos votos e ganhamos em onze estados. É natural que eu sendo colocado em pesquisa esteja relativamente bem. Para quem nunca participou de eleição (presidencial), também é natural que tenha menos em pesquisas.

No momento em que lideranças do partido admitem a possibilidade do PSB se tornar um rival do PSDB no primeiro turno da sucessão presidencial, José Serra defendeu a importância de se evitar "mal-entendidos" entre as candidaturas de oposição. Na avaliação dele, as forças alternativas ao governo federal devem "estar unidas" Para ele, a filiação de Marina Silva ao PSB foi "absolutamente surpreendente"

— É muito difícil de prever tudo o que vai acontecer e é muito importante evitar que ocorram mal-entendidos entre as forças que são de oposição. Elas têm de estar unidas seja dentro de um partido seja de maneira suprapartidária — disse.

Fonte: O Globo

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