Pré-candidato do PSDB mantém agenda de jantares e reuniões para ouvir demandas e apresentar pontos de sua plataforma de governo. Às vezes, sofre constrangimentos
Silvia Amorim – O Globo
SÃO PAULO — Além de uma ofensiva de compromissos públicos, São Paulo tornou-se, para a campanha do pré-candidato à Presidência da República Aécio Neves (PSDB), o centro de encontros privados do tucano com um seleto eleitorado. São jantares e almoços reservados — encontros que passaram a ficar mais frequentes no último mês. Nos últimos tempos, Aécio tem ido quase semanalmente à capital paulista para participar destas reuniões.
Os convidados vão da elite do empresariado brasileiro a lideranças religiosas. Em meados de março, por exemplo, o presidenciável foi recebido por representantes da comunidade judaica em jantar organizado pelo presidente do Hospital Albert Einstein e ex-secretário municipal da Saúde da gestão José Serra, Claudio Lottenberg. Uma semana antes, ele esteve no apartamento de um dos bisnetos de José Ermírio de Moraes para conversar com jovens empresários. Há cerca de dez dias, Aécio encontrou expoentes do PIB brasileiro num jantar oferecido na casa do empresário João Dória Jr.
Para um público reduzido, pouco mais de 50 pessoas, o “petit comité”, dizem os anfitriões, é uma iniciativa deles e não da equipe do senador.
— O objetivo não é apoiar ninguém. É levar aos candidatos nosso pleitos. Vamos fazer com o Eduardo Campos e tentar com a presidente Dilma — disse Lottenberg.
A dinâmica tem sido a mesma. Acompanhado de figuras de peso, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso ou ex-ministros, Aécio ouve uma lista extensa de demandas e faz um resumo de suas propostas, direcionando o discurso de acordo com a plateia. Não há pedido explícito de voto, mas um convite a apoiá-lo é sempre deixado no ar.
— É importante que o candidato tenha essa pluralidade de diálogo. É algo extremamente normal neste momento que antecede o início oficial da campanha — disse o presidente do PSDB em São Paulo, deputado Duarte Nogueira, que integra a comitiva do mineiro.
Para garantir a privacidade, os encontros não entram na agenda pública do senador.
— Preferimos que não haja imprensa porque queremos que as pessoas tenham liberdade para falar sem constrangimentos. É um momento para diálogo e não debate — disse o ex-deputado Fábio Feldman, que organizou um dos primeiros encontros privados de que Aécio participou, com um grupo de ambientalistas, no fim do ano passado.
O clima nestes jantares costuma ser amistoso, e o público, simpatizante de Aécio. Mas isso não impede constrangimentos. Com os ambientalistas, o senador ouviu críticas pela postura do PSDB na aprovação do Código Florestal. A agenda de jantares deve continuar até junho.
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