• Medidas estão em linha com pleito do mercado financeiro, mas ainda não há detalhamento sobre como ajustar as contas
Marina Gazzoni e Ricardo Leopoldo – O Estado de S. Paulo
A presidente Dilma Rousseff afirmou que fará um ajuste nas contas públicas no seu segundo mandato para retomar o crescimento do País, mas ressaltou que isso será feito sem cortar direitos trabalhistas e previdenciários. O discurso de posse para o novo governo está alinhado com as propostas da nova equipe econômica anunciada no fim de 2014, mas ainda falta clareza sobre de que forma o governo pretende reequilibrar as contas públicas, afirmaram economistas consultados peloEstado.
As primeiras medidas dentro da nova linha foram anunciadas no fim do ano passado e trouxeram regras mais rígidas para o seguro-desemprego e pensão por morte. Na ocasião, foram classificadas pelo governo como "correção de distorções" e não cortes de benefícios.
"Não há dúvida que a presidente Dilma vai fazer um ajuste ortodoxo de curto prazo", afirmou o diretor de pesquisas para a América Latina da Goldman Sachs, Alberto Ramos. "O populismo em economia não funciona. Ajuste fiscal e ataque vigoroso à inflação são essenciais para a volta do crescimento."
Apesar de reconhecer os desafios da economia brasileira nos próximos anos, Dilma disse que "colheu resultados positivos na economia". Ela afirmou que em todos os anos entregou a inflação dentro da meta e que a taxa de desemprego está "nos menores patamares já vivenciados na história de nosso país". Nos quatro anos do seu governo, a inflação ficou mais próxima do teto da meta, de 6,5% ao ano, do que do centro de 4,5%. Neste ano, a expectativa do mercado, divulgada pelo Banco Central, é que a inflação oficial feche a 6,38%. No lado do emprego, o número de vagas formas criadas nos 11 meses de 2014 é o menor para o período desde 2003, segundo estatísticas do Ministério do Trabalho.
A menção da redução da dívida líquida em seu mandato no discurso de Dilma chamou a atenção do economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves. "A nova equipe econômica deixou claro que sua atenção é com a dívida bruta. Ainda há uma dualidade de sinais de um lado e de outro", disse. A diferença entre os dois indicadores é que a dívida bruta do setor público, ao contrário da líquida, aumentou no primeiro mandato de Dilma. Uma das razões é que pesam sobre a dívida bruta os aportes do Tesouro Nacional nos bancos públicos e nas estatais.
Propostas. Na linha econômica, Dilma também prometeu um governo focado na redução da burocracia, aumento da competitividade e do investimento. Ela disse que enviará ao Congresso uma proposta para criar um mecanismo de transição entre o Simples e os demais regimes tributários.
A presidente também disse que vai lançar a terceira fase do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a segunda fase do Programa de Investimento em Logística. Outra bandeira anunciada é o estímulo ao mercado privado de crédito de longo prazo, um pleito antigo do BNDES.
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