• Presidente afirma que defenderá Petrobras de 'inimigos externos' e é criticada
• Para PSDB e DEM, discurso da petista foi 'sem substância' e contou com promessas 'pouco confiáveis'
- Folha de S. Paulo
SÃO PAULO - O discurso feito pela presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) em sua cerimônia de posse no Congresso Nacional foi criticado como "pouco confiável" e "sem substância" por lideranças de oposição ao governo federal.
Segundo elas, ao dizer que defenderá a Petrobras de "predadores internos e de inimigos externos", a petista adotou um discurso "escapista", sem reconhecer que sua administração tem também responsabilidade pelo escândalo na empresa estatal.
"A frase é demagógica, da boca para fora. Não existem inimigos internos ou externos da Petrobras, mas corruptos indicados pelo PT", criticou o presidente nacional do DEM, Agripino Maia. "Dá um tom de insinceridade ao discurso dela", acrescentou.
Para o vice-presidente nacional do PSDB, Alberto Goldman, os verdadeiros inimigos da empresa estatal são a presidente e o seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Não há inimigo externo. Não vejo nenhuma potência externa querendo prejudicar a Petrobras. Não existem piores inimigos que Dilma, Lula e a gangue", criticou.
Na avaliação do líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Antônio Imbassahy (BA), ao culpar "predadores internos" pelo escândalo de corrupção, a presidente "finge esquecer" que participou de decisões da empresa estatal --a petista fez parte do Conselho de Administração da empresa no governo Lula.
"Parece patológico a presidente agora falar em corrigir erros na Petrobras e reconhecer tardiamente que a empresa foi assaltada, como se não tivesse ela própria participação e responsabilidades relevantes nos últimos doze anos da empresa estatal", criticou, por meio de nota.
Para o líder tucano, a sociedade assistiu à posse de uma presidente "desacreditada", "desorientada" e "sem foco". "Nem ela mesma acredita naquilo que diz, como indicou a leitura sem entusiasmo de um discurso artificial e carente de conteúdo", criticou.
Novo lema
O discurso feito pela presidente de que a área da educação será a prioridade de seu novo mandato também foi visto com ressalvas por dirigentes oposicionistas.
Na avaliação de Agripino Maia, a defesa feita pela petista é tardia e deveria ter sido encampada antes, nos últimos quatro anos.
"Por que ela não fez antes? A presidente faz uma avaliação como se tivesse assumido agora o governo federal. É um elenco de enunciados de intenção", criticou.
Para Alberto Goldman, a petista deveria ter detalhado melhor o que pretende fazer para melhorar a qualidade do ensino público no país.
"É preciso dizer como fazer e o que fazer, não basta dizer que a educação é essencial. As frases assim caem no vazio, não dão impacto, porque não têm substância. É um governo perdido", observou.
Segundo Imbassahy, o discurso de Dilma na posse é "ambíguo" e "dissonante" da realidade do país. "Quem ainda tinha esperança em um suposto governo novo certamente teve a sua definitiva frustração", afirmou.
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