• Líderes do DEM e do PSDB dizem que presidente não foi sincera e que falou para alegrar a base aliada
- O Globo
BRASÍLIA- A oposição reagiu ontem ao discurso da presidente Dilma Rousseff, especialmente à parte em que ela atribuiu a crise da Petrobras a ataques de "predadores internos e inimigos externos"! Segundo o líder e presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), essa "pérola" tira a credibilidade de todo o resto do discurso. O líder do PSDB na Câmara, deputado Antônio Imbassahy (BA), afirmou que Dilma pediu socorro ao Congresso para sair da crise, como se fosse um "náufrago" antevendo o desastre. Segundo o tucano, ela assume o segundo mandato desacreditada, desorientada e sem foco.
No Congresso, a parte do plenário onde ficam os parlamentares de oposição estava vazia. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), cancelou a participação. O governador de Goiás, o também tucano Marconi Perillo, só compareceu à solenidade de posse dos ministros, no Palácio do Planalto.
— A completa insinceridade da presidente Dilma, quando fala da Petrobras, tira toda a credibilidade de sua fala. Se tem predador interno na Petrobras são os corruptos nomeados pelo PT para destruir a empresa. E, se há inimigos externos, isso se dá pela fragilidade dos gestores do PT em perceber isso — disse.
Discurso para agradar à base
Agripino afirmou que a nação não leva mais a sério o que a presidente diz e que ela aproveitou a oportunidade para fazer um discurso para agradar a sua base.
— A presidente, quando foi falar que precisa da ajuda do Congresso, falou em "minha base". Essa é a democracia dela: o Congresso como instituição não interessa. Quer dizer que ela endereça as coisas para sua base aprovar? Com essa fala, Dilma revelou o motivo do loteamento do ministério — disparou Agripino.
O democrata também criticou o novo lema do governo, anunciado por Dilma: "Brasil, pátria educadora".
— Ela nunca foi presidente? Está assumindo pela primeira vez? E o (Fernando) Haddad? Não foi ministro da Educação? Ou Dilma passou uma descompostura nos ministros da Educação nesses 12 anos ou acha que está assumindo pela primeira vez.
O líder do PSDB no Senado, Aloysio Nunes Ferreira, disse que não se interessou em ver o discurso da presidente no Congresso porque ela não cumpre o que fala. O tucano disse que prefere ver suas ações para colocar em prática as promessas de campanha repetidas no discurso.
— Eu não ouvi e não gostei. Eu tenho na memória o discurso inaugural do primeiro mandato. As propostas se revelaram falsas. O primeiro discurso de posse de Dilma, ela esqueceu. Eu, não.
O líder do PSDB afirmou ainda que, em geral, não se interessa por discursos inaugurais. Sobre a parte em que Dilma diz que vai fazer os ajustes sem tirar direitos dos trabalhadores, Nunes lembrou que ela acabara de divulgar um pacote que endurece a concessão de benefícios para trabalhadores e aposentados.
— Dilma é uma pessoa versátil. O que ela fala não pode ser levado a sério. É preciso ver suas ações.
Imbassahy, que não compareceu à posse, criticou o discurso da presidente, afirmando que Dilma mentiu na campanha e voltou a mentir na posse, ao reafirmar compromisso com a manutenção dos direitos trabalhistas e previdenciários:
— Nem ela mesma acredita naquilo que diz, como indicou a leitura sem entusiasmo de um discurso artificial e carente de conteúdo, mais uma vez elaborado por seu marqueteiro. É um discurso dissonante do Brasil real, ambíguo e com sinais de que o banqueiro-ministro terá ações limitadas. Quem ainda tinha esperança do suposto governo novo com ideias novas certamente teve sua definitiva frustração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário