• Nações Unidas condenam violência e Maduro rebate críticas internacionais
- O Globo
CARACAS e MONTEVIDÉU - Enquanto cresce a preocupação da comunidade internacional com o aumento da violência na Venezuela , graças à crise econômica e de abastecimento no país, o presidente uruguaio, José Mujica — que deixa o cargo neste domingo — mostrou-se ontem temeroso sobre uma possível tentativa de golpe de militares de esquerda. Segundo Mujic a, "há maneiras muito inteligentes de desestabilizar um governo ". —O problema é que podemos nos ver fr ente a um golpe de Estado de militares de esquerda, e com isso a defesa democrática vai para o caralho . (...) Há uma parte da oposição querendo que o governo abdique agora . Naturalmente, nenhum governo renuncia porque a oposição deseja, e isso está causando tensões — disse, em entrevista ao jornal local "El País".
— Não quero dizer que seja isso que acontece na Venezuela . Mas que existe uma crise de desabastecimento e inconformidade do povo , disso não tenho dúvidas . Mujica fez ainda distinções sobre a oposição no país: segundo ele, há os setores que se alinham com Henrique Capriles , que perdeu as eleições presidenciais para Nicolás Maduro, em 2013, e buscam uma saída institucional; e "aqueles que querem um golpe de Estado". — Capriles me parece ter uma posição muito mais cuidadosa em não gerar violência. A morte de Kluiver Roa, durante manifestação no estado de Táchira, na última terça-feira, despertou temores do aprofundamento da crise no país. Ontem, o secretário-geral da ONU , Ban Kimoon, afirmou estar preocupado com a violência . Seu porta- voz, Stephane Dujarric, disse que Ban "se preocupa com a perda de vidas no país ", mas apoia a tentativa da União das Nações Sul Americanas em "aju dar a Venezuela a garantir os direitos humanos de todos ".
Bala de borracha matou jovem
A Anistia Internacional também emitiu um comunicado alertando para uma intensificação da crise política. A organização teme que a violência se intensifique "se as autoridades não enviarem uma mensagem clara de que o uso da força não será tolerado". "O uso excessivo da for ça durante os protestos, as detenções do prefeito de Caracas, de um juiz e de um advogado, e os casos de ao menos quatro estudantes encontrados mortos em circunstâncias desconhecidas levam a pensar que a situação está se deteriorando rapidamente", diz, em comunicado. Maduro, por sua vez, rebateu as críticas de organizações e governos internacionais
—Deputados do Parlamento Europeu, que não conhecem a Venezuela, totalmente desinformados, que odeiam a América Latina, vêm meter seus narizes nos nossos assuntos internos. Ninguém deveria se meter nos assuntos venezuelanos. Temos uma democracia plena, à prova de tudo. Digo à direita internacional e espero que a mensagem chegue bem clara : ocupem-se dos assuntos de seus países. A perícia do Ministério Público mostrou que Roa foi morto pelo impacto de uma bala de borracha.
Segundo o defensor público Tarek William Saab , esse tipo de armamento não deve ser usado em manifestações públicas, "tampouco no rosto , porque o resultado é fatal". A morte levou os manifestantes de volta às ruas, exigindo a revogação da norma que permite o uso de arma letal em protestos, aprovada mês passado pelo governo de Maduro.
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