• Partido também faz mea-culpa por erros na condução da economia
Evandro Éboli e Letícia Fernandes - O Globo
-BRASÍLIA E SÃO PAULO- Em um documento que serviu como base para a reunião de seu diretório nacional, iniciada ontem em São Paulo, o PT reconheceu falhas na condução de suas alianças políticas e admitiu que financiamentos privados para campanhas eleitorais “contaminaram” a legenda. O texto diz ainda que velhas oligarquias assumiram o país com o afastamento da presidente Dilma Rousseff e que houve uma “conspiração golpista”. O documento precisa ser referendado pelo diretório.
“Fomos contaminados pelo financiamento empresarial de campanhas, estrutura celular de como as classes dominantes se articulam com o Estado, formando suas próprias bancadas corporativas e controlando governos. Preservada essa condição mesmo após nossa vitória eleitoral de 2002, terminamos envolvidos em práticas de partidos tradicionais, o que claramente afetou negativamente nossa imagem e abriu flancos para ataques de aparatos judiciais controlados pela direita”, diz um trecho do documento.
O texto também é um mea-culpa do PT, que reconhece erros na condução da economia nacional: “Ao lado das falhas propriamente políticas, demoramos a perceber o progressivo esgotamento da política econômica vigente entre 2003 e 2010, que havia levado a formidáveis conquistas sociais para o povo brasileiro. Baseada na ampliação do mercado interno a partir da incorporação dos pobres ao orçamento do Estado, com adoção de inúmeros programas voltados à inclusão social, à criação de empregos e à elevação da renda, esse modelo perdeu força com a crise internacional, a convivência com altas taxas de juros que sangravam o Tesouro e a excessiva valorização cambial”.
Diretório nacional é condenado
O diretório nacional do PT foi condenado pela Justiça, em um processo de improbidade administrativa, a pagar R$ 3,6 milhões por montar um esquema de arrecadação de propina com empresas que prestavam serviços para a gestão do prefeito de Santo André Celso Daniel, assassinado em 2002. Na mesma ação, também foram condenados, entre outros, Gilberto Carvalho, ex-ministro de Dilma e chefe de gabinete do ex-presidente Lula, Ronan Maria Pinto, empresário preso na Operação Lava-Jato, e Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, apontado pelo Ministério Público paulista como mandante do crime. Eles pagarão multas e tiveram direitos políticos suspensos.
A sentença foi proferida pelo juiz Genilson Rodrigues Carreiro, da 1ª Vara da Fazenda Pública de Santo André, no último dia 13. “É inegável que os líderes políticos do Partido dos Trabalhadores da época consentiram e tiraram proveito do esquema criminoso”, afirmou o magistrado.
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