- Folha de S. Paulo
- O Senado ainda não confirmou o impeachment de Dilma Rousseff, mas Michel Temer já faz planos para se enraizar na cadeira de presidente. É o que se depreende das conversas, mais ou menos públicas, em que aliados do interino dizem que ele deve se candidatar ao Planalto em 2018.
O projeto foi escancarado pelo novo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo" no domingo (31). No mesmo dia, aFolha mostrou que ao menos três ministros do novo regime têm falado em lançar o chefe na próxima corrida presidencial.
A rigor, Temer não disputaria a reeleição. O peemedebista foi eleito vice-presidente duas vezes, em 2010 e 2014, de carona nos votos de Dilma. Mudou de cargo graças ao afastamento da petista, que ele ajudou a articular no Congresso. Uma candidatura em 2018 seria seu primeiro teste como cabeça de chapa numa disputa majoritária, após mais de três décadas na política.
A hipótese Temer-2018 só se tornará viável se ele conseguir cumprir três tarefas: estabilizar a economia, reverter sua impopularidade e escapar das próximas delações da Lava Jato. Como nada disso será resolvido no curto prazo, o debate sobre a sucessão parece precipitado.
Mesmo assim, as articulações já começam a causar atrito. A base que sustenta o interino reúne ao menos quatro políticos com aspirações presidenciais: os ministros José Serra (Relações Exteriores) e Henrique Meirelles (Fazenda), o governador Geraldo Alckmin e o senador Aécio Neves.
Temer sabe que depende da boa vontade deles para se equilibrar no cargo. Por isso se apressou a dizer que não pretende ser candidato em 2018, repetindo o que disse antes do afastamento de Dilma. Os presidenciáveis ouviram a promessa, mas ao menos um deles se mantém desconfiado. Em meados do ano passado, o mesmo Temer dizia que o impeachment era algo "inviável e impensável".
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