Após conseguir aprovar com folga na Câmara a proposta que limita gastos públicos, o governo tentará enquadrar aliados que não votaram a favor da medida e avançar com as reformas. Segundo o ministro Padilha, o presidente Temer vai “discutir a relação” com os aliados. O Senado prevê concluir a votação até o fim do ano.
Temer vai ‘discutir a relação’ com aliados que não votaram pelo teto
• União da base é importante para obter a aprovação de futuras medidas
Eduardo Barretto, Cristiane Jungblut - O Globo
-BRASÍLIA- Após garantir a aprovação da proposta de emenda constitucional (PEC) que limita o crescimento dos gastos públicos na segunda-feira com ampla margem, o presidente Michel Temer vai tentar enquadrar os aliados que não votaram com o governo. Segundo o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, o Planalto não vai “prender” na base “quem tem dificuldade de se aliar”, e Temer deverá “discutir a relação” com deputados que não votaram a favor da PEC. Essa estratégia é necessária não apenas para garantir a aprovação da proposta no segundo turno da Câmara e no Senado, como para passar as próximas medidas. O partido aliado com o maior racha foi o PSB, do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho.
— Se o presidente vai fazer a DR, vamos esperar. Quem tem dificuldade de se aliar, é óbvio que o governo não prende na base — declarou Padilha.
A sugestão de uma conversa de Temer com parlamentares dissidentes foi do ministro responsável pela articulação política do Planalto, Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo). O diálogo balizará decisões do governo antes da votação do segundo turno da PEC, que deve acontecer nas próximas duas semanas.
Segundo Padilha, é preciso aguardar encontros de Temer com esses parlamentares. Perguntado sobre o que o presidente da República pensa de eventuais traições, o ministro minimizou:
— Traição é uma expressão que diminui a relação dos parlamentares com suas bases. Se nós formos ouvir parlamentares que não votaram junto com governo, eles terão uma explicação.
RENAN: TRAMITAÇÃO ‘CÉLERE’
O governo teve 366 votos favoráveis à PEC. Eram necessários 308. O principal racha na base foi do PSB: de 32 deputados, dez foram contra. O PPS, partido do titular da Defesa, Raul Jungmann, ficou dividido: de oito, só quatro foram favoráveis à PEC.
Padilha disse estar otimista: prevê que, na votação em segundo turno da PEC na Câmara — prevista para a última semana deste mês —, o governo terá mais votos. Já o presidente do Senado, Renan Calheiros, disse que a PEC dos gastos deverá ser votada pelo Senado até o fim deste ano. Renan acrescentou que será escolhido um relator que faça com que a tramitação seja rápida:
— Tivemos um grande momento para o Brasil. A aprovação dessa proposta com regras e diretrizes para a questão fiscal é fundamental para que possamos pensar no futuro. Ou aprovamos a PEC, ou vamos ter que aumentar impostos. A tramitação da PEC também será célere. Temos que votar até o último dia do ano fiscal.
Mais cedo, Temer declarou que o país pode enfrentar sacrifícios para retomar o crescimento econômico:
— Nós estamos realmente trabalhando para uma reunificação nacional, uma pacificação nacional e isso passa, muitas e muitas vezes, por alguns sacrifícios. Haverá sacrifício? É possível, uma ou outra coisa, mas que todos colaboraremos.
O Conselho de Ética e a Executiva nacional do PR receberam representação, do deputado Vinícius Gurgel (PI), para instaurar processo disciplinar com pedido de expulsão contra as deputadas Clarissa Garotinho (RJ) e Zenaide Maia (RN). Elas votaram contra a PEC.
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