• Ao depor em ação no TSE, senador cassado diz que campanha presidencial de Dilma-Temer foi abastecida com recursos desviados de Belo Monte
- O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - Em depoimento prestado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS) confirmou ontem que a campanha vitoriosa da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer à Presidência da República em 2014 foi abastecida com dinheiro desviado da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, segundo apurou o Estado com fontes próximas da investigação.
A fala de Delcídio reitera a acusação do executivo Otávio Marques de Azevedo, ex-presidente da Andrade Gutierrez, que já havia afirmado em depoimento que houve pagamento de propina disfarçado de doação oficial à campanha de 2014.
O Estado apurou que o senador cassado disse ter certeza de que recursos oriundos de propina abasteceram a campanha da chapa Dilma-Temer em 2014 e que seria pouco provável que a petista não tivesse conhecimento do esquema. Ainda de acordo com Delcídio, a maior parte do dinheiro desviado de Belo Monte teria ido para o PMDB.
O senador cassado já havia afirmado em delação premiada firmada com o Ministério Público Federal no âmbito da Operação Lava Jato que um esquema de desvio de dinheiro nas obras de Belo Monte abasteceu campanhas eleitorais do PT e do PMDB em 2010 e 2014.
O processo contra a chapa Dilma-Temer que tramita no TSE tem como origem uma ação proposta pelo PSDB que apura se houve abuso de poder político e econômico na última eleição presidencial.
Se os ministros do TSE entenderem que houve desequilíbrio nas eleições, podem tornar Dilma inelegível – já que o Senado, no processo de impeachment, manteve a aptidão da petista para concorrer em eleições. Em relação ao presidente Michel Temer, as investigações podem causar ainda a cassação do mandato.
Os advogados do peemedebista defendem na corte eleitoral que as condutas de Temer e Dilma sejam analisadas de forma separada. A defesa da presidente cassada nega que a campanha tenha sido abastecida com recursos ilícitos.
Na semana passada, o ministro do TSE Herman Benjamin, relator das ações que pedem a cassação da chapa formada por Dilma e Temer, negou o pedido da defesa da petista para realizar perícia complementar nas empresas contratadas pela campanha. Na decisão, o ministro considerou a solicitação “manifestamente protelatória”.
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