• Durante reunião de líderes dos BRICS, Temer fez um alerta de que os desafios à paz global clamam por reforma do Conselho de Segurança da ONU; Brasil pleiteia ser membro permanente desta instância das Nações Unidas
Ricardo Leopoldo, enviado especial - O Estado de S. Paulo
GOA, ÍNDIA - O presidente Michel Temer disse, neste domingo 16, para dirigentes de companhias que participam do Conselho Empresarial dos BRICS que seu governo está empenhado em promover reformas estruturais no País, que retomarão o crescimento e elevarão o nível de emprego.
Temer convidou as empresas dos países que compõem os BRICS a investirem no Brasil. “As senhoras e os senhores encontrarão um país com estabilidade política, com segurança jurídica e com grande mercado consumidor”, disse.
“Também faço votos de que as empresas que já mantêm investimentos no Brasil ampliem sua presença”, disse o presidente. “Encorajo, ainda, a comunidade empresarial brasileira a conhecer mais as oportunidades de negócios existentes na Índia, na China, na África do Sul e na Rússia".
Temer ressaltou que sua administração também empenha esforços para melhorar o ambiente de negócios no País. “Vamos desburocratizar processos, reduzir custos de operação e zelar pela previsibilidade e pela segurança jurídica”, disse. “Lançamos já programa de parcerias de investimentos fundado em regras estáveis. São 34 projetos iniciais nas áreas de portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, energia, óleo e gás. As agências reguladoras voltarão a ter papel efetivo de supervisão.”
O presidente apontou que com as primeiras medidas econômicas de seu governo, já é possível constatar sinais de volta da confiança de empresários e consumidores. “A inflação, sabem todos, dá sinais de desaceleração. Os índices de confiança da indústria e do consumidor registram seguidas altas”
Temer destacou que confia na capacidade do conselho de empresários dos BRICS a criar parcerias entre companhias e gerar novos negócios.
“Já comentei ao senhor Primeiro-Ministro (Narendra) Modi a importância dos contatos pessoa-a-pessoa entre os BRICS. Felicitei-o por ter priorizado essa vertente durante a presidência indiana do grupo.”
O presidente apontou que os empresários podem contar com o compromisso do Brasil com o diálogo entre os BRICS e o setor privado. “Estudaremos as propostas deste Conselho com grande interesse.”
Conselho de segurança. Na reunião restrita de líderes da VIII Cúpula dos Brics, Temer fez um alerta de que os desafios à paz global clamam por reforma do Conselho de Segurança da ONU. O Brasil pleiteia ser membro permanente desta instância das Nações Unidas. "Para o Brasil, instabilidade e incerteza são as marcas da realidade internacional. Realidade que impõe obstáculos por vezes inesperados e surpreendentes", disse. "As ameaças avolumam-se e tomam novos contornos. Já as instâncias decisórias sobre paz e segurança aferram-se ao passado. Seguem inalteradas e, não raro, inertes. Há que reformar o Conselho de Segurança das Nações Unidas."
Temer apontou que o terrorismo é um dos grandes desafios da atualidade. "Nenhuma pessoa ou lugar está imune a esse flagelo. Manifestamos nossa solidariedade aos países do Brics que tenham sofrido ataques terroristas", disse o presidente. Segundo ele, esse mal só será vencido por meio de cooperação internacional. "Há um mês, realizamos nossa primeira reunião sobre o assunto", disse. "Com enfoque pragmático, e com pleno respeito ao direito internacional, estou certo de que nossos governos poderão aprimorar sua capacidade de prevenir ações terroristas."
Segundo Temer, o terrorismo reinventa-se e os conflitos multiplicam-se. "A persistência do conflito na Síria fez abater-se sobre a população civil uma das mais graves crises humanitárias de nosso tempo." Para o presidente, é responsabilidade da comunidade internacional encontrar uma solução política. "Apoiamos os esforços do Enviado Especial da ONU para a Síria em sua desafiadora missão."
Na avaliação de Michel Temer, a magnitude desses desafios comuns não deve intimidar. "Pelo contrário, deve reforçar nossa determinação de superá-los. Deve reforçar nossa aposta no diálogo. Assim fizemos nas negociações do Acordo de Paris, que nos legaram tratado ambicioso e equilibrado. Que nos legaram instrumento importante de combate à mudança do clima."
O presidente apontou que a diplomacia também legou o mais abrangente plano global de promoção do desenvolvimento sustentável em três pilares - social, econômico e ambiental. "A Agenda 2030 e seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável ensejam compromissos concretos. Compromissos para cujo cumprimento os Brics têm muito a contribuir."
No encerramento de seu discurso, o presidente fez uma menção especial aos laços que unem Goa ao Brasil. "Por séculos, este estado indiano e o Brasil tiveram suas histórias entrelaçadas. Gerações de brasileiros aqui aportaram e aqui reconheceram sua terra natal", disse. "Aqui, o Brasil reencontra-se consigo mesmo, com suas origens indianas, com suas origens orientais. Um eminente intelectual brasileiro, Gilberto Freyre, em seu 'Sobrados e Mucambos', descreveu o Brasil como se fôra "espécie de Goa", grande ponto "onde o Oriente se encontrasse com o Ocidente". Segundo Temer, "é esta Goa de encontros e reencontros que celebramos hoje. Encontros e reencontros entre cinco grandes parceiros, unidos na diversidade."
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