A economia brasileira parece estar no caminho da estabilidade. Em termos menos polidos, parece próxima da estagnação, depois de regredir ao nível da produção e da renda de 2011.
É um alívio, decerto, embora a situação permaneça frágil. No meio do caminho nebuloso da recuperação há riscos consideráveis, em especial na esfera política.
Neste início de 2017 houve nova melhora de ânimos, tal como em meados de 2016. A esperança anterior, porém, logo se dissiparia devido à ausência de estímulos econômicos e à nova rodada de enfraquecimento do governo.
O recesso político e judicial contribuiu para a distensão, provisória que seja. Em contraste com o final do ano passado, há agora fatores reais a contrabalançar a severidade da recessão.
A inflação passou a baixar mais rapidamente, com o que se interrompeu a série de quase um ano e meio de queda do salário médio real. O Banco Central enfim deu início a uma redução relevante da taxa básica de juros.
No segundo trimestre, os saques das contas inativas do FGTS devem dar algum impulso extra ao consumo. Os índices de confiança de empresários e consumidores voltaram a se elevar.
Nas fábricas e no comércio, nota-se, no entanto, apenas a desaceleração da crise, com baixas cada vez menores de vendas e produção. Cai o número de falências e de pedidos de recuperação judicial, assim como melhoram os indicadores de inadimplência.
Trata-se ainda de uma economia entorpecida, com esteios frágeis de recuperação, que no entanto inexistiam há alguns meses.
A ameaçá-la há a tão alardeada possibilidade de que a torrente de delações derivadas da Operação Lava Jato paralise governo e Congresso. Mesmo que a atividade legislativa caminhe em meio a essa possível tempestade judicial, restam dúvidas quanto às chances de aprovação célere da crucial reforma da Previdência.
Uma derrota do projeto do governo Michel Temer (PMDB) —ou a desfiguração do texto— não abalaria somente as perspectivas de contenção da dívida pública e a viabilidade do teto de gastos inscrito na Constituição.
Seria elevada de modo crítico a descrença na capacidade do governo de implementar mudanças relevantes e controlar os efeitos secundários da derrota, que muito afetará os indicadores financeiros, em especial a taxa de juros.
Parece bem possível e, mais que isso, muito esperado que este primeiro trimestre marque o começo do fim de uma recessão iniciada quase três anos atrás. Nos meses seguintes, saberemos se a política poderá comprometer a recuperação ainda no berço.
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