- Folha de S. Paulo
Depois de um início titubeante, Michel Temer começa a engrenar e enxerga pela frente uma fase mais próspera. O que pode atrapalhar é a Lava Jato. Não por outro motivo seus aliados defendem a quebra de sigilo das investigações.
Não se trata de um surto repentino pela transparência. É a aposta de que, depois da delação da Odebrecht, 99,9% do mundo político estará no mesmo barco. Tudo sendo divulgado ao mesmo tempo, o efeito explosivo seria diluído e ninguém tiraria proveito da desgraça alheia.
Os defensores da tese alegam que seria uma forma de acabar com o uso seletivo de vazamentos desta e daquela informação dada por um delator para atingir o governo de plantão.
Tem lá seu sentido, mas pode prejudicar as investigações em curso, dando tempo para os suspeitos se articularem e queimarem provas.
A tendência do Supremo Tribunal Federal é manter o sigilo, mas a turma que defende sua quebra espera pelo menos um efeito secundário da pressão —que a delação da Odebrecht seja divulgada em breve e toda de uma só vez, exatamente para que seu impacto negativo seja distribuído de forma equânime para todos.
Enfim, dentro do Palácio do Planalto, neste momento, apenas a Lava Jato alimenta os pesadelos da equipe de Temer. No mais, tudo parece caminhar melhor do que o imaginado na virada do ano, quase um sonho.
Se tudo seguir bem na economia, com a inflação mantendo o ritmo de queda, o governo dá como certa taxa de juros, hoje em 13%, de um dígito no final do ano, sem artificialismos.
Enquanto isso, a equipe econômica embala mais medidas. Nesta segunda (6), mais crédito para o Minha Casa, Minha Vida. Em breve, outras virão. E o Planalto já aposta em crescimento maior do que o previsto.
Sem falar que, com as vitórias do governo nas eleições do comando da Câmara e do Senado, a aprovação das reformas ficou mais fácil. Agora, basta saber o que vai prevalecer: o sonho ou o pesadelo.
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