Prestes a completar o primeiro ano à frente da administração de São Paulo, o prefeito João Doria (PSDB) acaba de receber uma lição de humildade dos eleitores. Segundo o Datafolha, 39% dos paulistanos consideram sua gestão ruim ou péssima. Só 29% aprovam o tucano, que contava com o apoio de 44% um mês depois da posse.
Ungido após uma vitória acachapante no primeiro turno das eleições do ano passado, quando se apresentou como resposta ao cansaço dos brasileiros com a política profissional, Doria agora ostenta uma taxa de reprovação tão alta quanto a de seu antecessor, Fernando Haddad (PT), ao fim do primeiro ano de seu mandato.
O petista enfrentava então o desgaste causado pelas manifestações que marcaram o ano de 2013, quando protestos contra o aumento do preço das passagens de ônibus nas principais capitais se transformaram numa avalanche contra políticos e governos de todas as cores.
O caso do tucano é mais prosaico. Os paulistanos parecem ter se frustrado rapidamente diante da falta de medidas efetivas contra problemas recorrentes —de semáforos quebrados a ruas e calçadas esburacadas. De acordo com o Datafolha, 70% acham que Doria fez menos pela cidade do que eles esperavam há um ano.
Como esta Folha mostrou na segunda-feira (4), áreas beneficiadas pelo programa Cidade Linda, lançado no início do ano como a primeira marca de sua gestão, se encontram tomadas pelo mato e pela sujeira novamente.
É provável que os eleitores também tenham se decepcionado com a sofreguidão com que o prefeito se moveu nos últimos meses em busca de satisfação para suas ambições políticas —viajando pelo país para tentar viabilizar uma prematura candidatura presidencial.
Levantamento anterior do Datafolha mostrou em outubro que 58% dos moradores da capital eram contra o projeto, que Doria pôs de lado ao constatar seu reduzido apelo eleitoral em outras regiões do país e diante do fortalecimento do nome do governador Geraldo Alckmin, seu padrinho político, como preferido no PSDB.
A última rodada de pesquisa sugere que o alcaide é hoje a melhor opção dos tucanos para a sucessão de Alckmin, com pelo menos 18% das intenções de voto como candidato ao Palácio dos Bandeirantes.
Mas o prefeito sofrerá na campanha se deixar o cargo antes de encaminhar as melhorias prometidas. A maneira como reagiu à queda de popularidade, reconhecendo falhas e anunciando mais atenção ao município, é sinal de que está atento para os riscos que corre —e de que entende a importância da consulta à opinião pública.
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