Ex-assessor de Flávio Bolsonaro nada esclarece sobre dinheiro e ainda cria mais dúvidas
Desde a revelação pelo jornal “O Estado de S.Paulo”, há 20 dias, de que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf ) detectara uma movimentação financeira na conta do policial militar Fabrício de Queiroz incompatível com sua condição de assessor parlamentar do deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSL), o assunto continua envolto em névoas.
Por se relacionar, de alguma maneira, a um dos filhos do presidente eleito, Jair Bolsonaro, o caso ganhou inevitável importância. Depois, soube-se, pela “Folha de S.Paulo”, que a informação constava de um relatório amplo produzido pelo Coaf sobre saques e depósitos feitos entre 75 funcionários de gabinetes de 20 deputados, e se destinara a ajudar nas investigações sobre corrupção na Alerj deflagradas pelo Ministério Público, pela Operação Furna da Onça.
O que não seria atenuante para Queiroz, próximo à família Bolsonaro, nem para Flávio. Pois o que ficara evidente nos levantamentos do Coaf é que toda ou grande parte da circulação de dinheiro entre assessores de parlamentares explica-se pela reprovável cobrança que é feita em gabinetes, e também no Congresso, de uma espécie de pedágio a esses assessores, geralmente remunerados com salários bem acima dos pagos na iniciativa privada — uma característica deste tipo de serviço público.
Uma pergunta-chave é sobre o destino final da dinheirama. Faz sentido considerar que os parlamentares sabem o que acontece no manejo da generosa verba destinada pelo contribuinte a seus gabinetes. Flávio Bolsonaro garante desconhecer o que ocorreu, confirmado por Queiroz, em entrevista ao SBT, ao assumir toda a responsabilidade por essa história.
O ex-assessor de Flávio desapareceu desde a explosão do caso. Havia sido demitido do gabinete do deputado em 15 de outubro e, por duas vezes, faltou a depoimentos marcados com o Ministério Público. Agora, justificou o trânsito de R$ 1,2 milhão por sua conta bancária, entre 2016 e 2017, pelo fato de ser “um cara de negócio”. Citou operações de compra e venda de automóveis.
Coma entrevista, Fabrício de Queiroz nada esclareceu e ainda aumentou dúvidas e curiosidades. Promete ir ao MP, onde esclarecerá tudo. É verossímil que os R$ 24 mil depositados em favor da futura primeira-dama, Michelle, sejam parte do pagamento de uma dívida de R$ 40 mil contraída junto ao presidente eleito. Embora, na entrevista, Queiroz tenha falado em dez cheques de R$ 4 mil para saldar o débito.
Masca recede sentido relacionar supostos negócios de compra e venda de carros ao recebimento de depósitos periódicos de oito outros assessores de Flávio Bolsonaro, alguns familiares seus entre eles, geralmente na época do pagamento dos salários.
Os Bolsonaro têm oportunidade de cumprir o compromisso assumido pelo presidente eleito de não deixar prosperar casos de ilegalidades em suas cercanias.
Nenhum comentário:
Postar um comentário