Militantes do MST e do Levante Popular da Juventude jogaram tinta na fachada do edifício da presidente do STF em Belo Horizonte e picharam “Lula livre” na calçada. Associações de imprensa repudiaram agressões a jornalistas que cobriam atos pró-Lula.
Apartamento de Cármen Lúcia é atacado
Manifestantes do MST jogaram tinta vermelha na fachada de prédio em Belo Horizonte
Mateus Coutinho | O Globo
-BRASÍLIA- O prédio onde fica o apartamento da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, em Belo Horizonte, foi atacado ontem à tarde por manifestantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e do Levante Popular da Juventude. Os manifestantes jogaram tinta vermelha na fachada do edifício e escreveram “Lula Livre” na calçada e “Carmem (sic) golpista” no portão de acesso ao prédio. No final da noite, segundo a TV Globo, dois suspeitos de participar do ataque foram detidos.
Os dois movimentos compartilharam registros do protesto em suas páginas nas redes sociais.
Não havia ninguém no apartamento no momento do protesto, já que Cármen Lúcia está em Brasília, segundo sua assessoria de imprensa. A Polícia Militar de Minas Gerais informou, por meio de sua assessoria, que foi lavrado um Boletim de Ocorrência sobre o ocorrido e estão sendo apurados os responsáveis.
Foram avistados três ônibus nos arredores do prédio, localizado na região centro-sul da capital mineira. Os manifestantes surpreenderam os moradores da vizinhança. A ministra é professora da PUC-Minas e mantém o apartamento para quando precisa ir a Belo Horizonte.
O ataque ocorreu no mesmo dia determinado pelo juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal, para que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se entregasse à Polícia Federal. Na quintafeira, o STF rejeitou um habeas corpus preventivo pedido pela defesa do petista. A presidente do STF foi a última a votar e desempatou o julgamento ao decidir contra o pedido para que o ex-presidente permanecesse em liberdade até serem esgotados todos os recursos no processo do Tríplex do Guarujá.
A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), principal entidade da categoria, divulgou nota repudiando o ato: “Não se pode admitir, sob qualquer pretexto, atos de vandalismo como este que atinge a mais alta autoridade do Judiciário brasileiro, ainda mais porque está ligado diretamente ao cargo ocupado e às decisões proferidas”, diz a nota que pede ainda que os atos “não permaneçam impunes” e que os responsáveis sejam identificados.
A AMB relembrou o recente pronunciamento da presidente do STF no qual ela conclamou a sociedade a manter o equilíbrio e respeitar as diferenças.
“O Brasil tem sofrido demais com a intolerância e o desrespeito à pluralidade, mas tem sofrido ainda mais pelo assalto aos cofres públicos que sangra o povo brasileiro por meio de propinas e corrupção nas mais diversas formas”, segue a nota assinada pelo presidente da entidade, Jayme de Oliveira.
“A AMB se solidariza com a ministra Cármen Lúcia e afirma que o Judiciário, por seus mais de 14 mil juízes associados, seguirá firme e independente no exercício de suas funções constitucionais, na certeza de que somente o fiel cumprimento da Constituição e das decisões emanadas do Judiciário consolidará a jovem democracia brasileira”, assinala o texto.
O presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil, Roberto Veloso, também repudiou o ataque de manifestantes ao prédio onde Cármen Lúcia possui apartamento, em Belo Horizonte.
“As decisões judiciais devem ser respeitadas independentemente de agradarem ou não os interessados. Atos de violência visando impedir o funcionamento das instituições são repudiados pela sociedade”, disse.
Também ontem à noite, os prédios do Centro Cultural da Justiça Federal e da Justiça Federal no Centro do Rio foram pichados, após ato em favor do ex-presidente Lula. (Com G1)
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