O Globo
Senador eleitor, que coordena grupo de
Justiça e Segurança, considera que será preciso fazer um revogaço das medidas
que estimularam o armamentismo
O senador eleito Flávio Dino define como
“novo entulho autoritário”, tudo o que precisará ser revogado pelo novo
governo, como estímulo às armas, o uso político das forças de segurança, e as
ameaças à democracia. Entre as sugestões que serão encaminhadas pelo grupo de
Justiça e Segurança que ele coordena está a de uma nova cultura organizacional
que despolitize as forças de segurança, porque, “a política não é decidida pela
polícia, é pelo voto popular”.
— O cidadão pode votar em quem ele quiser.
Mas ele não pode se apropriar de uma função de estado e ainda mais armada para
fazer política. Quem quiser permanecer no extremismo ilegal, agressivo,
belicista vai ter a resposta que a democracia exige.
A defesa da democracia, explicou o senador,
não é apenas um direito. É um dever.
— A democracia tem o dever de agir contra aqueles que querem destruí-la. Há um capítulo no relatório, de crimes contra o estado democrático de direito. Isso está no Código Penal, de competência federal. A nova equipe deve dar cumprimento pleno e imediato a isso contra aqueles que querem destruir a democracia, policiais ou não.
O senador me concedeu entrevista ontem na
Globonews em que falou do processo de controle de armas, combate ao crime na
Amazônia, divisão ou não do ministério, relação com as forças de segurança,
alguns dos 17 temas que estão sendo analisados no grupo que ele coordena. Ele
tem ouvido não apenas organizações da sociedade civil, mas os comandantes de
polícias militares, secretários de segurança, corpos de bombeiros, com
representantes de governos de outros campos políticos.
Sobre armas que se multiplicaram nas mãos
de integrantes de clubes de tiro, a sugestão é um revogaço das medidas que
estimularam o armamentismo.
– Hoje há mais civis com armas do que todas
as polícias militares do país. Mas há um outro problema, os arsenais podem
estar em mãos erradas. Ninguém tem o direito adquirido a andar armado. O estado
autoriza ou não. A visão que será proposta ao presidente da República é de uma
adaptação gradual através do encurtamento dos prazos de registros. É preciso
criar restrições aos clubes, e fiscalizar a avenida que se abriu que são os
CACs. Vamos sugerir que atividade não seja encerrada, mas que sejam fechados os
clubes de fachada, os de sócios fictícios.
O trabalho terá que ser intenso, porque a
proliferação foi estimulada ao extremo no governo Bolsonaro. O senador acha que
há formas de fazer isso.
— A gente tem que fazer primeiro que os
sistemas informatizados funcionem de verdade, que sejam compartilhados entre as
Forças Armadas e a Polícia Federal para saber onde essas armas estão. E temos
que mirar também as armas ilegais nas mãos de bandidos e traficantes.
O crime na Amazônia se fortaleceu muito nos
últimos quatro anos e essa será outra frente de batalha.
—Estamos produzindo estudos para apresentar
aos ministérios da Justiça e Meio Ambiente de adoção de um sistema chamado
“embargos remotos”, em que se pode embargar áreas, a partir do cruzamento de
dados. Outra ideia é a criação de uma diretoria de combate a crimes ambientais.
Com mais poderes, mais recursos, mais agentes do que a atual divisão. Estamos
propondo também a revogação de atos editados sobretudo no Ministério do Meio
Ambiente que dificultaram a fiscalização, investigação, combate a todo o tipo
de crime.
Flávio Dino obviamente foge da pergunta
sobre se ele será o ministro. “O técnico é que escala o time”, mas conta que o
grupo de transição vai sugerir que não haja divisão do Ministério da Justiça
porque acha que nesse momento é importante haver a integração.
Perguntei a ele sobre a segurança na
cerimônia de posse do novo presidente. Esse assunto, aliás, deveria estar sob o
comando do Gabinete de Segurança Institucional, mas o general Heleno, chefe do
GSI, estava ontem convocando manifestação e recentemente falou como se
lamentasse o fato de o presidente Lula estar com saúde. Flávio Dino definiu a
atitude do general Heleno de “beligerante, agressiva e mal educada” e disse que
ele deveria ser a última pessoa a fazer o que está fazendo. Mas acrescentou que
a segurança da posse será garantida pela PF, PM do DF e Forças Armadas.
– As instituições são mais fortes que os
delírios. Quero aproveitar e dizer para as pessoas: venham para a posse, vai
ser bonita e festiva. Vamos reconquistar o verde e amarelo para o país todo, o
que já começamos a fazer com a Copa.
2 comentários:
SIM! Revogaço na política armamentista, no meio ambiente, nos sigilos de 100 anos, na ética pública, na secretaria de comunicação. E extinguir o GABINETE DO ÓDIO, que abastecia os papagaios bolsonaristas com as mentiras diárias! As pobres aves vão ficar batendo cabeça sem as mentiras organizadas e disparadas pelos milicianos do Gabinete! Os emplumados dependem da ração diária de mentiras, são dependentes químicos comandados pelos traficantes de mentiras!
E que tudo corra bem.
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