DEU EM O ESTADO DE S. PAULO
Empresário que vinha ajudando comitê de Dilma recebeu dinheiro da DNA e SPM&B
Rodrigo Rangel
A Gráfica Brasil, da família de Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, empresário brasiliense que até semana passada vinha atuando como uma espécie de gerente informal da campanha de Dilma Rousseff, aparece como destinatária de pagamentos das agências de publicidade DNA e SPM&B, dois dos principais dutos do mensalão do PT.
Levantamento feito pelo Estado na base de dados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, que apurou o esquema, indica que a gráfica recebeu R$ 1,9 milhão das agências do empresário Marcos Valério de janeiro de 2001 a junho de 2005.
Os valores constam das planilhas de entrada e saída de caixa das agências. Em tese, os pagamentos se referem a serviços supostamente prestados pela Gráfica Brasil às empresas de Marcos Valério.
A Gráfica Brasil chegou a ser incluída no rol de empresas suspeitas de emitir notas fiscais frias para a DNA e SMP&B. O próprio relator da comissão, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), apresentou requerimento pedindo que as agências apresentassem cópias dos contratos.
"Havia muitos pagamentos por serviços não realizados, feitos por meio de notas frias, só para fazer de conta", explica Serraglio. Os trabalhos da comissão foram encerrados sem que a investigação sobre a gráfica avançasse.
Visanet. Nos balanços das empresas de Valério, muitos dos repasses listados como pagamentos a fornecedores serviam apenas para justificar saídas de dinheiro destinado ao mensalão. "Foi assim no caso da Visanet", lembra Serraglio.
À época, laudo da Polícia Federal mostrou que a DNA Propaganda recebeu indevidamente R$ 39,5 milhões de recursos do Banco do Brasil no Fundo Visanet. Supostos serviços prestados pela agência ao fundo eram justificados com notas frias.
A Visanet fez os pagamentos à DNA entre 2001 e 2005, mas a maior fatia se refere a 2003 e 2004, auge do mensalão. É nesse período que se concentram os repasses à Gráfica Brasil. Do total de R$ 1,9 milhão repassados pela DNA e pela SMP&B à gráfica, 70% (R$ 1,3 milhão) se referem ao período 2003-2005.
Procurado pelo Estado, Marcos Valério afirmou por meio de um auxiliar que não conhece nem a Gráfica Brasil nem Benedito Neto, o Bené. Disse ainda que a área de serviços gráficos não era de sua responsabilidade.
Semelhanças. Valério e Bené têm trajetórias semelhantes em sua relação com o PT. Foram apresentados ao partido pelo deputado Virgílio Guimarães (PT-MG). "Bené é meu amigo, conheço a família dele, mas não tem nada a ver com Marcos Valério", afirma Virgílio. "A gráfica dele é conhecida em Brasília."
A aproximação de Bené com o partido rendeu bons resultados. As duas principais empresas de sua família, a Gráfica Brasil e a Dialog Comunicação e Eventos, experimentaram um boom em seus negócios com o governo. De 2004 até este ano, faturaram R$ 214,4 milhões em contratos na Esplanada. Alguns dos contratos estão sob investigação do Tribunal de Contas da União, do Ministério Público Federal e da Controladoria- Geral da União.
Pelas mãos de Virgílio, Bené, de 34 anos, tornou-se amigo do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, coordenador da campanha de Dilma. Até estourar a crise do suposto dossiê contra o pré-candidato tucano José Serra, o empresário vinha transitando livremente na campanha de Dilma.
Como uma espécie de gerente informal do comitê, encarregou-se, por exemplo, de providenciar casas utilizadas pela campanha. Também participou de negociação com arapongas contatados para integrar o núcleo de inteligência da campanha do PT.
Empresário que vinha ajudando comitê de Dilma recebeu dinheiro da DNA e SPM&B
Rodrigo Rangel
A Gráfica Brasil, da família de Benedito Rodrigues de Oliveira Neto, o Bené, empresário brasiliense que até semana passada vinha atuando como uma espécie de gerente informal da campanha de Dilma Rousseff, aparece como destinatária de pagamentos das agências de publicidade DNA e SPM&B, dois dos principais dutos do mensalão do PT.
Levantamento feito pelo Estado na base de dados da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, que apurou o esquema, indica que a gráfica recebeu R$ 1,9 milhão das agências do empresário Marcos Valério de janeiro de 2001 a junho de 2005.
Os valores constam das planilhas de entrada e saída de caixa das agências. Em tese, os pagamentos se referem a serviços supostamente prestados pela Gráfica Brasil às empresas de Marcos Valério.
A Gráfica Brasil chegou a ser incluída no rol de empresas suspeitas de emitir notas fiscais frias para a DNA e SMP&B. O próprio relator da comissão, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), apresentou requerimento pedindo que as agências apresentassem cópias dos contratos.
"Havia muitos pagamentos por serviços não realizados, feitos por meio de notas frias, só para fazer de conta", explica Serraglio. Os trabalhos da comissão foram encerrados sem que a investigação sobre a gráfica avançasse.
Visanet. Nos balanços das empresas de Valério, muitos dos repasses listados como pagamentos a fornecedores serviam apenas para justificar saídas de dinheiro destinado ao mensalão. "Foi assim no caso da Visanet", lembra Serraglio.
À época, laudo da Polícia Federal mostrou que a DNA Propaganda recebeu indevidamente R$ 39,5 milhões de recursos do Banco do Brasil no Fundo Visanet. Supostos serviços prestados pela agência ao fundo eram justificados com notas frias.
A Visanet fez os pagamentos à DNA entre 2001 e 2005, mas a maior fatia se refere a 2003 e 2004, auge do mensalão. É nesse período que se concentram os repasses à Gráfica Brasil. Do total de R$ 1,9 milhão repassados pela DNA e pela SMP&B à gráfica, 70% (R$ 1,3 milhão) se referem ao período 2003-2005.
Procurado pelo Estado, Marcos Valério afirmou por meio de um auxiliar que não conhece nem a Gráfica Brasil nem Benedito Neto, o Bené. Disse ainda que a área de serviços gráficos não era de sua responsabilidade.
Semelhanças. Valério e Bené têm trajetórias semelhantes em sua relação com o PT. Foram apresentados ao partido pelo deputado Virgílio Guimarães (PT-MG). "Bené é meu amigo, conheço a família dele, mas não tem nada a ver com Marcos Valério", afirma Virgílio. "A gráfica dele é conhecida em Brasília."
A aproximação de Bené com o partido rendeu bons resultados. As duas principais empresas de sua família, a Gráfica Brasil e a Dialog Comunicação e Eventos, experimentaram um boom em seus negócios com o governo. De 2004 até este ano, faturaram R$ 214,4 milhões em contratos na Esplanada. Alguns dos contratos estão sob investigação do Tribunal de Contas da União, do Ministério Público Federal e da Controladoria- Geral da União.
Pelas mãos de Virgílio, Bené, de 34 anos, tornou-se amigo do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, coordenador da campanha de Dilma. Até estourar a crise do suposto dossiê contra o pré-candidato tucano José Serra, o empresário vinha transitando livremente na campanha de Dilma.
Como uma espécie de gerente informal do comitê, encarregou-se, por exemplo, de providenciar casas utilizadas pela campanha. Também participou de negociação com arapongas contatados para integrar o núcleo de inteligência da campanha do PT.
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