Preocupados com trocas nos ministérios, partidos governistas tentam evitar perda de espaço enquanto disputam entre si
Fabiano Costa
BRASÍLIA - As incertezas em torno da reforma ministerial têm inquietado a base governista. À espera do troca-troca, os partidos aliados, e em especial o PMDB, se movimentam nos bastidores para ampliar seu quinhão ou, pelo menos, não ter o espaço reduzido na Esplanada dos Ministérios.
O Palácio do Planalto tem mantido sigilo sobre as eventuais mudanças que deve conduzir em seu primeiro escalão no final de janeiro. O assunto é discutido somente com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com três ministros lotados no palácio: Gleisi Hoffmann (Casa Civil), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais).
Principal aliado do governo, o PMDB está agitado com a reforma. Parlamentares que orbitam em torno do líder da bancada na Câmara, Henrique Alves (RN), reclamam de uma suposta inércia da cúpula em reivindicar maior espaço na Esplanada. À frente de cinco pastas (Agricultura, Minas e Energia, Previdência, Turismo e Assuntos Estratégicos), o partido se considera "sub-representado" e diz comandar ministérios com pouca expressão.
O baixo clero da legenda se queixa que Alves abandonou as cobranças ao Planalto em razão de sua candidatura para presidente da Câmara, em 2013. Já o vice-presidente da República, Michel Temer, afirmam peemedebistas do Congresso, estaria resistindo a comprar uma briga com o governo para tentar assegurar novamente a vaga de vice em 2014.
– Temer só quer saber de viajar. Cansamos de ir ao gabinete dele à toa. Todo mundo já tomou daquele uísque – dispara um deputado do PMDB.
Em dezembro, o Palácio do Planalto teve de intervir para acalmar a insatisfação do PMDB na Câmara. Os parlamentares ensaiaram um motim diante da tentativa do PT de ocupar um posto-chave na Caixa Econômica Federal, sob influência peemedebista.
Ciência e Tecnologia deve ficar com técnico
Apesar da insatisfação, expoentes da sigla reconhecem que são remotas as chances de o partido aumentar a fatia na Esplanada. O PMDB chegou a pensar em ocupar a pasta de Ciência e Tecnologia com a transferência de Aloizio Mercadante (PT) para a Educação. Mas o cargo deve ficar com um nome da comunidade científica.
O cenário ficou ainda mais complicado depois que o governo conseguiu aprovar projetos de seu interesse, como a prorrogação da Desvinculação de Receitas da União (DRU). Para os peemedebistas, o partido ficou sem munição para retaliar o Planalto.
Interlocutores de Temer revelam que ele estaria preocupado com o silêncio da presidente Dilma Rousseff em relação às alterações no primeiro escalão. O vice ainda não teria sido procurado pela companheira de chapa para tratar sobre o tema.
Para manter o matrimônio com o PMDB, a cúpula petista tem pressionado dirigentes locais a abrirem mão de cabeça de chapa em municípios chamados de "joias da coroa" na eleição municipal de 2012.
FONTE: ZERO HORA (RS)
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