Agnelo e Delta evidenciam o arrependimento de setores do PT e governo na
estratégia de desviar o foco do julgamento do mensalão com uma CPI
As CPIs desempenharam um importante papel no passado recente da história
brasileira. Foi a partir das investigações promovidas por uma CPI, em junho de
1992, que o ex-presidente Fernando Collor acabou sofrendo o impeachment.
Um ano depois, coube ao Congresso Nacional instalar a CPI do Orçamento, que desbaratou
um esquema de desvios do dinheiro público comandado por parlamentares e
funcionários do Legislativo. Seis parlamentares foram cassados, oito absolvidos
e quatro preferiram renunciar para fugir da punição e da inelegibilidade.
Enquanto esteve na oposição, o PT se mostrou implacável nas CPIs. Pelo menos
até o governo Lula enfrentar sua primeira CPI, criada em maio de 2005 com o
objetivo específico de investigar denúncias de corrupção nos Correios.
O estopim da crise que levou à instalação desta CPI foi a divulgação de uma
fita de vídeo que mostrava o ex-funcionário da estatal Maurício Marinho
aceitando propina de empresários.
Apesar de toda a precaução do governo Lula, que deixou a presidência da CPI
nas mãos do senador petista Delcídio Amaral (MS) e a relatoria com o deputado
peemedebista Osmar Serraglio (PR), o foco da investigação acabou sendo o
esquema de pagamento mensal direcionado a parlamentares da base aliada em troca
de votos no Congresso Nacional, que ficou mais conhecido com mensalão.
Isso só foi possível porque, a cada sessão da CPI dos Correios -transmitida
ao vivo para todo o país-, a sociedade brasileira se mobilizava e pressionava o
Legislativo, exigindo a continuidade das investigações.
De lá para cá, as CPIs perderam sua força. Isso porque, diante do estrago
político promovido pela CPI dos Correios, o PT e seus aliados mudaram de
estratégia.
Nos últimos sete anos, as poucas CPIs que a oposição conseguiu emplacar não
produziram efeitos práticos, como a das ONGs e dos cartões corporativos, graças
à obstrução patrocinada pelo governo petista.
O Congresso tem agora nas mãos uma oportunidade de resgatar a função
democrática das CPIs, investigando um novo esquema de corrupção desvendado pela
Polícia Federal e comandado pelo contraventor Carlos Cachoeira.
Na expectativa de tirar o foco da sociedade em relação ao julgamento do
mensalão, previsto para acontecer ainda este semestre, o PT errou no cálculos
ao imaginar que poderia confundir a opinião pública ao anunciar apoio à CPI do
Cachoeira.
Em vídeo conclamando os movimentos populares a cobrarem a instalação da nova
CPI, o presidente nacional do PT, deputado Rui Falcão, imaginou que poderia
atingir ainda a oposição. Em especial, o governador de Goiás, Marconi Perillo,
que causou constrangimentos a Lula em 2005 ao declarar publicamente que o
alertara para o mensalão.
Nada foi comprovado contra Perillo. A situação se complicou, de fato, para o
governador do Distrito Federal, o petista Agnelo Queiroz, e uma das principais
empreiteiras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a Construtora
Delta.
Os indícios e provas de que Agnelo e a Delta mantinham uma estreita relação
com Cachoeira evidenciam o arrependimento de setores do PT e do próprio governo
na sua estratégia de desviar o foco do julgamento do mensalão.
Coerente com sua história de luta, o PSDB defenderá a apuração de todas as
denúncias envolvendo Cachoeira e seus parceiros públicos e privados. Além
disso, faremos o que estiver ao nosso alcance para recuperar a credibilidade de
um importante instrumento da democracia brasileira, a CPI.
Sérgio Guerra, 64, economista, é deputado federal e presidente nacional do
PSDB
FONTE: FOLHA DE S. PAULO
Um comentário:
comentar o que? tanta idiotice. Me nego!!!
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